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Subiu para 44 o número de mortos por causa do terremoto no Japão

Japoneses trabalham após forte terremoto. (Foto: Reprodução)

O balanço do terremoto que afetou na semana passada a ilha de Hokkaido, norte do Japão, subiu para 44 mortos, anunciou o governo nesta segunda-feira (10).

Quase 40 mil socorristas (bombeiros, policiais e soldados) permanecem na região afetada para ajudar a população.

Mais de 2.700 pessoas estão em abrigos.

Muitas mortes aconteceram na pequena localidade rural de Atsuma, onde várias casas foram atingidas por um deslizamento de terra provocado pelo terremoto de 6,6 graus.

“O governo tomará todas as medidas necessárias para que cada morador possa recuperar uma vida normal e segura o mais rápido possível”, afirmou o porta-voz do governo Yoshihide Suga.

O terremoto de quinta-feira foi o desastre natural mais recente a afetar o país nas últimas semanas.

O oeste do país ainda se recupera do tufão mais potente a atingir o Japão em 25 anos, que matou 11 pessoas e provocou o fechamento do aeroporto de Kansai (Osaka).

Além disso, as fortes chuvas de julho deixaram 220 mortos no país.

Supervoluntário de 78 anos percorre o Japão

Os desastres naturais no Japão costumam deixar um rastro de destruição e, na sequência, atrair centenas de voluntários de diversos cantos do país com o mesmo espírito altruísta. É como um ciclo, que vem se repetindo com mais frequência este ano devido à quantidade de tufões, terremotos e enchentes.

Munidos de luvas, máscaras cirúrgicas, pás e trazendo o próprio lanche, eles chegam dispostos a prestar todo tipo de ajuda. As tarefas vão da retirada de entulhos a limpeza de imóveis e são executadas em grupo de pessoas que chegam anônimas.

Em meio a esse exército de voluntários, um senhor de 78 anos vem sendo saudado como novo herói japonês. Haruo Obata ganhou fama nacional em agosto, depois de encontrar um garoto de 2 anos perdido havia três dias em uma montanha, em Yamaguchi.

Ele é de Oita, cidade ao sul do Japão, e tinha ido à província vizinha de Yamaguchi para participar da busca em massa. Sozinho, conseguiu encontrar a criança no bosque e passou a ser chamado de “supervoluntário” com a repercussão do caso.

Mas não é a fama que busca esse japonês de 1,61 de altura e 57 kg. Obata diz que sua missão é ajudar as pessoas a caminharem para a frente. “Afinal, a vida é preciosa e única”, afirma. Outra expressão de que gosta muito é “o amanhã sempre virá”, escrito a caneta no capacete que usa nos locais onde faz voluntariado. “O importante é manter o otimismo e olhar para o alto, mesmo em um cenário de tragédia”, fala.

O agora supervoluntário Obata trabalhou em um mercado de peixes durante muitos anos e, já naquela época, realizava pequenas boas ações, como cuidar de bancos de madeira improvisados em montanha.

“Consertava porque tinha medo que alguém pudesse se machucar”, lembra. Ao seu aposentar aos 65 anos, intensificou as atividades voluntárias por gratidão a tudo o que viveu.

Nesta semana, Obata faz os preparativos para retornar à cidade de Kure, na província de Hiroshima, que foi fortemente atingida pelos temporais de julho. Naquele mês, enchentes e inundações deixaram um saldo de quase 200 mortos em onze províncias do oeste do Japão.

Ele deve seguir em sua minivan, usada como moradia ambulante sempre que faz trabalho voluntário.

“É pequeno, mas consigo manter minha privacidade”, diz. Ele come e dorme dentro de seu carrinho azul.

Cada desastre natural que acontece no Japão desperta em Obata a vontade de pegar estrada.

Foi assim nos terremotos anteriores ocorridos em Niigata, anos atrás, e na região Tohoko. Desta vez, contudo, ele pretende deixar a província de Hokkaido – palco de um forte terremoto no último dia 6 de setembro – de lado para se concentrar nas tarefas pendentes em Kure.

Uma delas é a retirada de tatames das casas danificadas pela água.

De hábitos simples, Obata vive com o mínimo.

A dose de trabalho voluntário pode ser pequena no início. À medida que se aumenta o tempo dedicado a ajudar alguém, ele diz, cresce também a sensação de felicidade. “Qualquer um, em qualquer lugar, deve experimentar o voluntariado. Ele faz bem e torna a vida mais gratificante.”

O prefeito de Soja, Souichi Kataoka, acredita que “uma mão sempre lava a outra”, por isso estimula ações de altruísmo na prefeitura.

Hoje, enquanto se recupera dos estragos causados pelas chuvas torrenciais, a cidade sente que está sendo recompensada pelas boas ações.

Doações procedentes de cidades que em outras ocasiões foram ajudadas por Soja chegaram rápido e em grande volume, permitindo inclusive serem divididas com regiões que atualmente sofrem os efeitos do tufão Jebi, que atingiu o país na semana passada, e do terremoto no norte do país.

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