A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) iniciará nos próximos dias uma campanha junto ao Congresso Nacional e ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva. O objetivo é acabar com o monopólio das farmácias na venda de remédios que não exigem receita médica.
O movimento mira atrair mais consumidores para as redes, a exemplo do que ocorre nos Estados Unidos, onde os supermercados também vendem medicamentos “mais básicos”. Um dos argumentos é o de que, atualmente, até o iFood faz entrega de remédios.
Para reforçar o lobby, a Abras contratou uma pesquisa do Datafolha. O levantamento mostra que 74% da população brasileira — o equivalente a 118,3 milhões de pessoas —, concordam que, se os remédios que não exigem receita estiverem mais acessíveis e próximos, deixariam de manter estoques em casa.
Para a Abras, isso ajuda a evitar desperdícios. Com menos remédios armazenados, também cai o risco de vencimento e descarte incorreto. O consumidor passaria a comprar apenas quando necessário.
Esse pleito se arrasta há um ano e enfrenta a resistência das grandes redes de farmácias. Na época em que o projeto do Senado foi apresentado, a Abrafarma (associação que representa o setor) disse que a campanha dos supermercadistas demonstrava a “sordidez contra a saúde pública no Brasil”.
De um lado, senadores pressionam o presidente Davi Alcolumbre para pautar o projeto que liberaria a venda de medicamentos em mercados. Do outro, líderes mostram que não há consenso na casa sobre o tema.
“Uma boa parte dos senadores é contra”, afirma o líder do PSD, Omar Aziz (AM). Já Randolfe Rodrigues, (PT-AP), líder do governo no Congresso, afirma que a pauta não deve ganhar urgência pois o Planalto ainda não definiu sua posição sobre o tema.
A proposta em questão prevê que supermercados que desejarem vender remédios isentos de prescrição precisarão contar com um farmacêutico responsável técnico. A diferença para às farmácias é que esse atendimento poderia ser realizado de forma virtual.
Em sua coluna, o doutor Drauzio Varella se posicionou sobre o assunto.
“Diante de tantas possibilidades, o Estado vai responder com a venda de medicamentos ao lado de pacotes de salgadinho e latas de cerveja?”, questiona.
“Quem vai explicar para o comprador que aquele anti-inflamatório pode causar insuficiência renal ou que aquele remédio é contraindicado para o caso dele? A moça do caixa, o rapaz do açougue?”, finaliza. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.