Cotado para ser o candidato da direita na disputa presidencial de 2026, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), reforçou seu alinhamento com o bolsonarismo e tem feito gestos para demonstrar sua lealdade ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), preso após condenação por tentativa de golpe de Estado. Tarcísio adotou pautas como a anistia e o indulto a Bolsonaro, articula no Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar garantir a prisão domiciliar do ex-presidente e definiu como uma de suas bandeiras a linha-dura na política de segurança, com a defesa até mesmo de prisão perpétua para criminosos no país.
Em seus discursos e articulações políticas, Tarcísio mostra-se afinado com os bolsonaristas, especialmente nas áreas econômica e de segurança pública. Na semana passada, em reuniões com investidores e empresários, o governador destacou a atuação do ex-ministro da Fazenda Paulo Guedes no governo Bolsonaro, disse que a iniciativa privada “faz quase tudo melhor” do que o Estado e defendeu na área de segurança o modelo adotado pelo presidente de El Salvador, Nayib Bukele. O salvadorenho é alvo de críticas e acusações de prisões arbitrárias e violação dos direitos humanos – mas celebrado pela extrema-direita.
Tarcísio levou para sua gestão em São Paulo, desde o início do mandato, pautas conhecidas do bolsonarismo, como a implementação de escolas cívico-militares, a linha-dura na segurança e a agenda liberal na economia, com foco na privatização e concessão de empresas e serviços públicos. Em operações da Polícia Militar na Baixada Santista, por exemplo, refutou abusos e disse, em março de 2024, que as denúncias sobre excessos poderiam ser feitas “na ONU, na Liga da Justiça, no raio que o parta” que ele não estava “nem aí”.
O avanço do processo contra Bolsonaro no STF ao longo deste ano coincide com as manifestações mais eloquentes de Tarcísio com endosso ao discurso do aliado. Nesse contexto, ocorrem os elogios públicos à eleição de Donald Trump nos Estados Unidos e uma primeira reação tímida ao anúncio do tarifaço a produtos brasileiros, em julho. O gesto lhe custou uma cobrança nos bastidores de representantes do agronegócio paulista preocupados com o impacto das altas taxas.
Em agosto, embora negasse a intenção de se candidatar ao Planalto, afirmou que seu primeiro ato caso eleito seria dar indulto a Bolsonaro. “Não acredito em elementos para ele ser condenado, mas infelizmente hoje não posso falar que confio na Justiça”, disse, ao jornal Diário do Grande ABC.
O aceno mais agudo de Tarcísio, até o momento, ocorreu pouco depois, durante o ato bolsonarista de 7 de setembro na avenida Paulista. Diante da multidão, o governador dirigiu-se a Moraes como ditador e tirano – termos comuns entre os aliados radicais do ex-presidente, mas inéditos para um discurso de Tarcísio, que surpreendeu até aliados próximos. Ministros do STF, sob reserva, disseram à época que o governador abandonara ali a imagem de político “moderado”.
Desde então, Tarcísio não fez mais ataques naquele tom, mas envolveu-se diretamente na articulação pela aprovação de uma “anistia ampla, geral e irrestrita” de Bolsonaro e demais condenados pela trama golpista. O projeto perdeu força no Legislativo, mas o governador afirmou em entrevista na semana passada que seguirá fazendo o possível para defendê-la. Com informações do Valor Econômico.
