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“Tenho obsessão para desmascarar Moro”, diz Lula em entrevista na prisão

O ex-presidente está preso desde abril do ano passado na sede da Polícia Federal em Curitiba. (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)

O ex-presidente Lula afirmou nesta sexta-feira (26), em entrevista exclusiva concedida à Folha de S.Paulo e ao jornal El País, ter obsessão para “desmascarar” o ex-juiz e atual ministro da Justiça, Sérgio Moro, responsável pela condenação do petista no caso do triplex em Guarujá (SP).

“Eu tenho uma obsessão”, afirmou. “Porque eu tenho certeza, o Moro tem certeza [da inocência de Lula]. Se as pessoas não confessarem agora, no dia da extrema-unção vão confessar. Ele [Moro] tem certeza que eu sou inocente”​, declarou o petista.

Lula também afirmou que, na atual gestão de Jair Bolsonaro (PSL), o Brasil está sendo governado por “um bando de malucos”.

Após uma batalha judicial na qual a entrevista chegou a ser censurada pelo STF (Supremo Tribunal Federal), decisão revista na semana passada pelo presidente da Corte, Dias Toffoli,  o petista recebeu os dois jornais em uma sala preparada pela Polícia Federal na sede da corporação em Curitiba (PR), onde o ex-presidente está preso desde abril do ano passado.

A entrevista durou duas horas e dez minutos. Antes de começarem a fazer as perguntas, os jornalistas perguntaram como Lula estava. “Não tão bem quanto vocês, mas estou indo aqui”, respondeu.

“Durante todo o processo, eu sempre tive certeza, [pelos] discursos da Lava-Jato, de que [a operação] tinha um objetivo central, que era chegar em mim. Aliás, uma jornalista importante, amiga nossa, escreveu um artigo em que dizia: o que eles querem é o Lula. E isso foi ficando patente em todos os depoimentos. A imprensa retratava: prenderam fulano. Vai chegar no Lula. Prenderam fulano. Vai chegar no Lula. E muita gente que era presa, a primeira pergunta que faziam [para a pessoa] era: ‘Você é amigo do Lula? Você conhece o Lula?'”, disse o ex-presidente.

“A imprensa retratava, as pessoas contavam, advogado conversava com advogado. E foi ficando patente que o objetivo era chegar em mim. Tinha companheiros no PT que não gostava quando eu dizia isso: ‘eles vão chegar em mim e depois vão caminhar para criminalizar o PT’. Muita gente achava que eu deveria sair do Brasil, ir para uma embaixada, que eu deveria fugir. E eu tomei como decisão que o meu lugar é aqui [no Brasil].  Eu tenho tanta obsessão de desmascarar Moro, de desmascarar o [procurador Deltan] Dallagnol e a sua turma, e desmascarar aqueles que me condenaram, que eu ficarei preso cem anos, mas eu não trocarei a minha dignidade pela minha liberdade”, declarou o petista.

“Eu quero provar a farsa montada. Montada aqui dentro, montada no Departamento de Justiça dos EUA, com depoimento de procuradores, com filme gravado, e agora mais agravado com a criação da fundação Criança Esperança do Dallagnol, pegando R$ 2,5 bilhões da Petrobras para criar uma fundação para ele. Eu tenho uma obsessão. Você sabe que eu não tenho ódio, não guardo mágoa porque, na minha idade, quando a gente fica com ódio a gente morre antes. Então, como eu quero viver até os 120 anos, porque eu acho que sou um ser humano que nasceu para ir até 120 [anos], eu vou trabalhar muito para provar a minha inocência e a farsa que foi montada”, completou o petista.

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