O governo de Donald Trump (EUA) considera ter os argumentos legais necessários para justificar os ataques letais no Caribe, e especialistas em Washington debatem se isso poderia ser o prelúdio de uma ação mais ampla contra a Venezuela – as chances aumentaram após o Nobel da Paz concedido à opositora María Corina Machado, anunciado na sexta-feira.
Os EUA enfrentam um “conflito armado” com os cartéis de drogas, disse Trump, em uma carta ao Congresso, onde alguns legisladores expressaram dúvidas sobre a legalidade dos ataques. A Constituição americana estabelece que apenas o Congresso tem a autoridade para declarar guerra.
Veículos de imprensa informaram sobre outro memorando do Departamento de Justiça que justificaria o uso até mesmo de agências como a CIA nas operações, o que poderia levar a relação de Washington com a América Latina de volta a épocas passadas. Na semana passada, a secretária de Justiça dos EUA, Pam Bondi, se recusou a confirmar a existência do memorando.
Para Evan Ellis, analista do Colégio de Guerra do Exército dos EUA, a probabilidade de um ataque “é de 50%”. “Se isso não se resolver por si só até novembro ou dezembro, pode haver a decisão de usar informações de inteligência e levar Maduro à Justiça”, declarou.
Além dos ataques contra as embarcações, que deixaram ao menos 21 mortos, vários caças F-35, atualmente baseados em Porto Rico, sobrevoaram brevemente a costa venezuelana, segundo Caracas, que mobilizou tropas e milícias.
Esse tipo de manobra, assim como a presença de destróieres e forças mistas no Caribe, indica que algum tipo de escalada pode ocorrer em breve, segundo o especialista.
Maduro enviou uma carta a Trump pedindo diálogo, mas a Casa Branca rejeitou a mensagem. O papel do enviado especial dos EUA para esse tipo de negociação, Richard Grenell, é uma incógnita no momento, segundo fontes diplomáticas.
Um ataque contra algum tipo de alvo ligado ao narcotráfico em território venezuelano “é uma possibilidade”, disse Frank Mora, ex-subsecretário adjunto de Defesa para a América Latina durante a primeira presidência de Barack Obama. “Destacar uma flotilha naval para não fazer nada ou simplesmente neutralizar algumas embarcações, não creio que fosse o plano”.
Ao ser questionado na terça-feira se gostaria de ver uma mudança de regime na Venezuela, Trump declarou aos jornalistas: “Não estamos falando disso, estamos falando do fato de que houve uma eleição que foi muito estranha, para dizer o mínimo”. As informações são da agência de notícias AFP.