A Food and Drug Administration (FDA, órgão dos EUA equivalente à Anvisa) aprovou na sexta-feira um exame de sangue que detecta placas no cérebro associadas à doença de Alzheimer, oferecendo uma ferramenta menos invasiva e mais acessível para ajudar no diagnóstico da doença.
O teste, chamado Lumipulse, mede duas proteínas no plasma sanguíneo para determinar se um paciente tem placas amiloides no cérebro. Até agora, eram usados principalmente exames mais caros e invasivos, como punção lombar e ou que expõem a pessoa à radiação para confirmar a presença das placas. O Lumipulse só requer coleta de sangue.
“Essa aprovação de hoje é um passo importante para o diagnóstico da doença de Alzheimer, tornando-o mais fácil e potencialmente mais acessível para pacientes nos Estados Unidos em estágios iniciais da doença”, afirmou Michelle Tarver, diretora do Centro de Dispositivos e Saúde Radiológica da FDA, em comunicado.
Concorrência
Cresce a concorrência entre empresas que desenvolvem testes de última geração para diagnosticar Alzheimer, que afeta quase 7 milhões nos EUA. O Lumipulse é da Fujirebio Diagnostics, do grupo japonês H.U. Group. A C2N Diagnostics e a Quanterix, ambas privadas, também estão desenvolvendo testes sanguíneos para Alzheimer.
Ainda não está claro quanto custará o teste, e o H.U. Group não respondeu de imediato a um pedido de comentário. “A ideia de que existe um teste de sangue para Alzheimer é inimaginável para mim. É um avanço incrível”, disse Howard Fillit, geriatra e diretor científico da Alzheimer’s Drug Discovery Foundation, que apoiou financeiramente o esforço da Fujirebio. Pacientes com problemas de memória geralmente começam consultando um clínico-geral, disse Fillit. Agora, esses médicos poderiam solicitar um teste de sangue e, se o resultado for positivo, encaminhar o paciente a um neurologista.
Já há alguns testes sanguíneos criados em laboratório para detectar Alzheimer no mercado; a FDA não revisa a maioria deles antes que sejam utilizados. O da Fujirebio é o primeiro a receber aprovação da agência. No Brasil há o PrecivityAD, usado pelos grupos Einstein e Fleury (que custa acima de R$ 3 mil). E há outros que analisam níveis de biomarcadores para Alzheimer, como p-tau217 e A 42.
O novo teste foi autorizado em centros de cuidados especializados para pacientes com sinais e sintomas de declínio cognitivo, segundo a FDA. A agência diz que os resultados devem ser interpretados juntamente com outras informações clínicas. A pessoa com sinais de declínio cognitivo deve também passar por testes de memória e neuropsicológicos. O de sangue não deve ser usado para quem não tem sinais de declínio cognitivo pelo risco de um resultado falso, afirmou Brian Balin, professor de neurociência no Philadelphia College of Osteopathic Medicine. Com informações de O Estado de S. Paulo.