A cidade de Rio Bonito do Iguaçu, no Centro-Sul do Paraná, foi devastada por um tornado nesta sexta-feira (7), com ventos que passaram de 250 km/h. Tempestades também atingiram boa parte do Centro-Sul do país como parte da formação de um ciclone extratropical. Defesas civis de estados como o Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Rio de Janeiro já emitiram avisos à população sobre os riscos de chuvas e ventos fortes.
Fenômenos como o registrado no Oeste do Paraná não são raros no Brasil. Segundo um estudo da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a ocorrência de tornados no país é mais frequente do que se imagina. Entre 1990 e 2011, período da pesquisa, foram registrados ao menos 205 desses fenômenos em território nacional. E a tendência, com as mudanças climáticas, é de aumentar.
Mas, afinal, qual é a diferença entre um tornado e um ciclone extratropical? E um furacão? Significa que outras regiões do país também serão atingidas por ventos tão fortes quanto os registrados em Rio Bonito do Iguaçu?
Não necessariamente, explicou o meteorologista Giovanni Dolif, pesquisador do Cemaden, em entrevista à GloboNews. Isso porque há grandes diferenças na escala, duração e potência dos fenômenos.
Tornado
Escala: O tornado é um fenômeno menor. “Enquanto um ciclone pode ter 1 mil km de largura, um tornado tem até 1 km”, explicou Dolif.
Duração: O tornado dura poucos minutos ou até segundos. Já o ciclone pode se estender por dias. “O ciclone começou a se formar ontem no Rio Grande do Sul e vai atuar no Sudeste ao longo deste sábado. Já o tornado, não: foram alguns segundos ou minutos, em uma cidade só, e ele rapidamente se dissipou.”
Potência: Os tornados são rápidos, mas muito intensos. “Os ventos devem ter passado de 250 km/h, por isso esse cenário que parece de guerra. O ciclone não tem causado ventos tão intensos. A gente tem visto ventos no máximo de cento e poucos km/h. É um vento forte, causa estrago, mas com uma magnitude diferente”, concluiu o meteorologista.
Furacão
Em resumo, trata-se é o nome dado a ciclones tropicais que atingem uma região específica do planeta.
Um único furacão atingiu a América do Sul até o momento: o Catarina, em 2004. Ele deixou 11 mortos e causou danos significativos no sul de Santa Catarina. Mas, a título de comparação, na época foram registrados ventos de 200 km/h.
Ciclone extratropical
Os ciclones são todos os sistemas de baixa pressão atmosférica. Eles “puxam” o ar quente e úmido da superfície e jogam para cima, formando as nuvens de chuva.
Os chamados ciclones extratropicais movimentam massas de ar de temperaturas diferentes, ou seja, quentes e frias. Surgem em latitudes médias do planeta, fora da zona tropical, como no Atlântico Sul (a costa do Sul do Brasil).
O ar quente e úmido sobre o oceano sobe, criando a área de baixa pressão. O ar das áreas ao redor, com maior pressão, se move para essa área, aquecendo-se e subindo também. À medida que o ar quente sobe e se resfria, ele forma as nuvens.
E quando surgem em regiões mais quentes, os tropicais? Aí ocorrem os fenômenos que conhecemos como furacões ou tufões.
Ciclone tropical
Furacões, tufões e ciclones são tempestades que recebem nomes diferentes, de acordo com a região do globo em que ocorrem.
No norte do Oceano Atlântico e no nordeste do Pacífico, ganham o nome de furacões. Quando surgem no noroeste do Oceano Pacífico, são batizados de tufão. Por fim, o ciclone é a tempestade formada no sul do Atlântico, no Pacífico Sul e no Oceano Índico.
Ciclones tropicais só se formam nas águas quentes do oceano próximas à Linha do Equador, a pelo menos 30° de latitude norte ou sul da linha, onde a temperatura do mar é de pelo menos 27ºC. Como foi o caso do furacão Melissa, que atingiu a Jamaica na última semana, exemplificou o meteorologista e pesquisador do Cemaden Giovanni Dolif.
Mudanças climáticas
Estudos recentes apontam que o aumento da frequência e da severidade das tempestades no Sul do País pode ter relação com as mudanças climáticas.
“São eventos que sempre fizeram parte da nossa climatologia, mas hoje estão mais frequentes e intensos”, explicou Sheila. “A ‘chavinha já virou’. Temos observado eventos cada vez mais severos, como o do Rio Grande do Sul no ano passado, e isso nos preocupa.”
O Simepar, segundo ela, tem investido em novos radares meteorológicos e na capacitação técnica das equipes para melhorar o monitoramento e o alerta à população. (Com informações do g1, O Estado de S. Paulo e O Tempo)
