No Brasil, 9,5 milhões de pessoas trabalharam de forma remota em 2022, o que corresponde a menos de 10% do total de ocupados do País. Destes, 51,2% são homens e 48,8%, mulheres. Em relação à raça, cerca de 63,3% que adotam esse modelo de trabalho são pessoas brancas. Na sequência vêm as pessoas pardas (27,1%) e pretas (7,7%). A conclusão é do levantamento do IBGE extraído da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, Pnad.
Ainda conforme a pesquisa, mais da metade do contingente de trabalhadores desta categoria detém ensino superior completo (69,1%) e a renda média alcança R$ 6.567. O rendimento é 141% superior à remuneração média da população brasileira ocupada, que é de R$ 2.714.
Sobre a média salarial, o documento ressalta que o rendimento superior não é resultado do modelo de trabalho, mas, sim, de outros fatores: “Ocupações relacionadas a maior nível de escolaridade e empresas inseridas em atividades que pagam maiores remunerações”, exemplifica. São essas profissões que hoje podem fazer home office, o que não ocorre com trabalhos de menor qualificação.
Modalidades
O estudo engloba três modalidades: Domicílio (refere-se aos trabalhadores que, em pelo menos 1 dos 30 dias, trabalharam na própria casa); Remoto (realizado em um local alternativo de trabalho; o domicílio é descartado dessa categoria); e Teletrabalho (exercido com a utilização de equipamentos de tecnologias de informação e comunicação, como computador, tablet, telefone fixo ou móvel).
O Sudeste lidera o ranking das regiões com maiores taxas de pessoas que trabalham remotamente, com 17,6%, seguido por Centro-Oeste (14,2%). Sul e Nordeste dividem o terceiro lugar, com 14,1%.
Profissões
Entre as ocupações com maior porcentual de trabalhadores que atuam no modelo remoto estão profissionais das ciências, advogados, analistas de sistema e de gestão e administração, professores e contadores (28,6%).
Na sequência vêm cargos ligados à gestão, direção ou gerência de equipes de trabalho (26,1%).
O terceiro grupo é formado por técnicos e profissionais de nível médio: serviços jurídicos, técnicos de redes e sistemas de computadores, técnicos em operações de tecnologia da informação e das comunicações (16,3%).
No total, 45% dos profissionais consultados para a pesquisa integravam as áreas das ciências e intelectuais (advogados, analistas de sistema, de gestão, administração, professores e contadores). Isso explica a predominância dos homens neste modelo de trabalho, avalia Luiz Felipe Guardieiro, chefe de equipe do Portão 3, fintech de gestão de pagamentos e controle de gastos para empresas. “Observamos que algumas áreas da tecnologia, como desenvolvedor, são compostas, na maioria, por homens.”
Outro ponto é sobre quem tem acesso ao home office, diz Maíra Blasi, especialista em futuro do trabalho. Apesar da crítica, a especialista defende o modelo de trabalho: “Existem muitas funções que podem ser home office, mas as pessoas não querem ter essa conversa porque parece mais confortável voltar ao presencial”.