Os funcionários da Petrobras decidiram entrar em greve a partir da zero hora deste sábado (25). Eles afirmam que a empresa propôs reposição de apenas 70% da inflação no período e um reajuste superior a 17% na contribuição da assistência médica dos petroleiros. A decisão foi tomada em assembleia pelos dois sindicatos que representam a categoria: FUP (Federação Única dos Petroleiros) e FNP (Federação Nacional dos Petroleiros).
Em nota, os sindicatos informaram que “a gestão da Petrobras retirou diversas cláusulas do ACT, acabando com direitos e garantias conquistados pela categoria ao longo das últimas décadas”. Segundo as entidades, a direção da Petrobras foi informada no último dia 18 da decisão pela greve das assembleias realizadas em todo o País. E também de um prazo até o dia 22 para que as negociações fossem retomadas, com a mediação do Tribunal Superior do Trabalho.
“As assembleias foram uma consulta sobre a proposta do TST dentro do processo de mediação nacional bilateral, ou seja, entre os trabalhadores (FNP e FUP) e a Petrobras, sendo o resultado do somatório nacional amplamente favorável aos indicativos das federações”, diz a nota.
Petrobras diz que vai manter a produção
O diretor de Assuntos Corporativos da Petrobras, Eberaldo Neto, disse que a empresa já recebeu a notificação da maioria dos sindicatos para a greve deste sábado.
“A gente sempre trabalha pelo melhor, mas tem que estar preparado para o pior. Recebemos a notificação da maioria dos sindicatos marcando greve a partir de amanhã, que pode ocorrer ou não. Fica a critério do sindicato iniciar o movimento ou não. A gente continua trabalhando para que a greve não aconteça. Caso ocorra, a gente está preparado, em termos de contingência, para manter a produção o mais próximo possível do normal e evitar impactos na nossa produção e impacto na sociedade como um todo. É prematuro a gente dizer agora. A gente continua trabalhando para que a greve não ocorra”, disse.
Leilão
A Petrobras pretende usar os R$ 34 bilhões que receberá da União pelo aditivo do contrato de cessão onerosa no próprio leilão dos excedentes da área, marcado para 6 de novembro. O leilão oferecerá o direito de extrair petróleo e gás em áreas no polígono do pré-sal concedidas à Petrobras em 2010.
A diretora financeira e de relacionamento com investidores, Andrea Almeida, disse nesta sexta-feira (25) que a empresa espera receber os recursos ainda neste ano, à medida em que eles sejam arrecadados pela União.
“O dinheiro proveniente do aditivo do contrato a gente pretende, sim, usar no leilão agora no dia 6 de novembro. Integralmente”, respondeu a jornalistas na coletiva de imprensa realizada hoje para divulgar o balanço da companhia no terceiro trimestre de 2019.
Segundo acordo firmado em 2010, a Petrobras tem direito de extrair até cinco bilhões de barris de petróleo equivalente dessas áreas, que fazem parte do Polígono do Pré-sal. Como foram descobertos volumes superiores a esse limite, o Conselho Nacional de Política Energética autorizou neste ano a Agência Nacional do Petróleo a licitar esse excedente em regime de partilha, o que vai acontecer em 6 de novembro e pode gerar mais de R$ 100 bilhões em bônus de assinatura.