- Repercute o cinquentenário do 2º Caderno da Zero Hora, onde tive participação desde seu início, com a coluna semanal “Baú”, abordando arte, decoração e antiguidades. O editor Tarso de Castro, com talento jornalístico no sangue e na vivência de casa, foi todo entusiasmo e estímulo neste período inicial. Também o assessorava na edição de fotografias para o caderno. Tarso continuou sua trajetória fascinante, e no final da década de 1960, editou no Rio de Janeiro o Jornal “O Pasquim”, de sucesso nacional.
- Outros personagens marcantes do período: o editor do jornal, Nestor Fedrizzi, bom caráter e dignidade como primeiras qualidades, e numa sequência de outros caros editores do caderno – Armando Burd e Juarez Fonseca, meus amigos até hoje. Participaram do período em que assumi a coluna social. Uma figura inesquecível: João Aveline, a quem escolhi para assinar minha ficha de filiação ao Sindicato dos Jornalistas. Aveline e eu tivemos uma parceria secreta, e graças a esta ligação, consegui burlar um editor-geral do jornal – cuja lembrança é péssima – que, mesmo proibido pela direção, exercia censura sobre minha coluna. Meu parceiro me chamava no final da noite, e eu voltava à oficina para refazer o que tinha sido mexido. Episódios que me proporcionam as melhores emoções. Grande e querido Aveline.
- Durante mais de três décadas, assinei a coluna social do 2º Caderno de acordo com minha sensibilidade e poder de observação. Fui dos poucos a ser convidado para trabalhar na Caldas Junior. Na época, apenas outro colunista, de setor diferente, e dois ou três jornalistas da área esportiva receberam esta deferência do então poderoso grupo jornalístico. O período na Casa de Caldas, como era chamado o feudo do jornalista Breno Caldas, foi igualmente de plena realização. Depois de dois anos, atendendo ao convite de Maurício Sirotsky, retornei ao 2º Caderno. Os tempos mudaram, e saí por vontade própria em 2001, sem mágoas nem rancores.
- Ainda uma lembrança muito especial: na minha atividade jornalística, sempre contei com ilustrações de dois queridos amigos: Iberê Camargo – com diálogos de pura amizade e gozação, trocando os desenhos por divulgação, e Vitorio Gheno, que continua me deliciando com sua participação na coluna.
- Encerro com o pensamento de uma das figuras que sempre teve minha admiração e ternura: Dom Helder Câmara. “É graça divina começar bem. Graça maior, persistir na caminhada certa. Mas graça das graças, é não desistir nunca.”
Esta foi minha coluna de estreia comentando a movimentação social no 2º Caderno da ZH. (Foto: reprodução)