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Tribunal Superior Eleitoral pode decidir nesta terça sobre cotas para candidaturas de indígenas

No mesmo julgamento, os ministros estabeleceram que ofensas contra cônjuges de candidatos podem ser analisadas pela Justiça Eleitoral. (Foto: TSE/Divulgação)

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pode decidir, nesta terça-feira (27), se partidos devem destinar um percentual de recursos financeiros e de tempo de rádio e TV para candidaturas indígenas.

Os ministros vão analisar uma consulta apresentada pela deputada Célia Xakriabá (Psol-MG) sobre a possibilidade de cotas para incentivar as candidaturas de representantes dos povos originários.

As consultas são um tipo de questionamento ao TSE. Uma vez respondidas pelos ministros, podem gerar um entendimento é vinculante, ou seja, deve ser aplicado pela Justiça Eleitoral.

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No pedido apresentado à Corte Eleitoral, a deputada afirmou que, apesar do aumento de candidaturas indígenas nas últimas eleições, a representatividade do grupo nos espaços de decisão política ainda é baixa.

“A falta de representatividade indígena em cargos políticos é uma realidade e a discriminação e violência contra os povos indígenas ainda são alarmantes. O número de parlamentares e representantes indígenas nos espaços de poder no Brasil é constrangedoramente baixo”, declarou.

“É notório o crescente interesse da população indígena em participar das eleições. Todavia, além de serem ainda poucas, tais candidaturas ainda são sufocadas pela ausência de apoio dos partidos políticos no acesso à propaganda eleitoral e aos recursos do Fundo Partidário e do Fundo Especial de Financiamento de campanhas – FEFC”, completou.

Segundo dados do TSE, o número de candidaturas indígenas se ampliou desde 2014 — quando a Justiça Eleitoral começou a computar informações de cor e raça nos registros de candidaturas.

Nas eleições municipais de 2020, foram 1.721 candidaturas autodeclaradas indígenas, crescimento de 11% em relação ao registrado em 2016, que teve 1.546 representantes dos povos originários na disputa.
Atualmente, já existem incentivos às candidaturas das mulheres e de negros. Mas, segundo a deputada, a medida não contempla totalmente os indígenas.

Com o mecanismo, haveria uma reserva de recursos financeiros (vindos do Fundo Partidário e do fundo que financia campanhas) e de tempo de propaganda na proporção das candidaturas apresentadas por esse segmento da população.

O relator do pedido é o ministro Nunes Marques, que promoveu no ano passado audiência pública para ouvir a sociedade civil sobre o tema.

Caberá aos ministros avaliar se é possível estender a reserva aos indígenas e, em caso positivo, definir se a medida já será válida para as eleições municipais deste ano, em que os brasileiros vão eleger os novos prefeitos e vereadores.

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