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Troca de imagens sexualmente sugestivas pelo smartphone está cada vez mais comum entre jovens e até casais

Número de vítimas de sexting, com compartilhamento de fotos íntimas em sites, mais do que dobrou no País. (Foto: Reprodução)

Priscila não namora sério há três anos, mas manda fotos sensuais para parceiros eventuais. Bruna (os nomes são fictícios) envia apenas para o namorado, que mora no interior e a vê apenas aos fins de semana.

Essa prática, a troca de imagens sexualmente sugestivas ou explícitas pelo smartphone, conhecida como sexting, está cada vez mais comum entre jovens e até casais mais maduros. Todos se utilizam da tecnologia para apimentar as relações.

“Acontece de forma muito natural”, disse Priscila, uma publicitária de 32 anos. “Você está conversando com a pessoa por WhatsApp ou qualquer outro chat e a sexualidade acaba aparecendo em algum momento do papo.”

Já Bruna usa o sexting para encurtar distâncias. “Isso apimenta muito nossa relação no sentido da distância”, contou. “Então quebra um pouco a saudade, a vontade de um algo a mais quando ele está fora durante a semana.”

Estudante de gastronomia, 20 anos, Bruna garante que quando encontra o namorado já estão pré-aquecidos por conta do material compartilhado ao longo da semana. “Quando estamos juntos também gostamos de tirar fotos e até gravar. Muitos gostariam de fazer o mesmo, mas têm medo do vazamento das imagens”, afirmou.

Constrangimento com “vazamento” do material.

E, no seu caso, isso acabou acontecendo. “Teve uma vez que estávamos juntos em um momento de intimidade e mandamos uma foto nossa por engano para um grupo de amigas no WhatsApp. Isso nos constrangeu muito.”

Priscila encara o risco com naturalidade. “Se acontecesse de vazar uma foto minha acho que adotaria uma postura de dizer que mandei mesmo, curto mesmo, não estou nem aí”, disse, sem se envergonhar. “Afinal, estamos só falando do corpo humano. O que pode haver de polêmico nisso?”

A publicitária acredita que os nudes, como são chamadas as fotos enviadas, são enriquecedores do ponto de vista feminino. “Estamos falando de uma liberdade sexual da mulher, não só da exposição dela com seu corpo. Mulheres mostrando que são seres sexuais, com uma sexualidade muito visual também, semelhante à masculina.”

Alerta.

A ONG Safernet Brasil, entidade que monitora crimes e violações dos direitos humanos na internet, em parceria com a Polícia Federal e o Ministério Público, revelou que o número de vítimas de sexting, com compartilhamento de fotos íntimas em sites e aplicativos de smartphone, mais do que dobrou nos últimos anos no País.

Desde que começou a fazer os atendimentos, em 2007, já foram 515 ocorrências. Os casos são encaminhados para psicólogos. Além disso, a entidade oferece suporte com parcerias com autoridades policiais e judiciais.

“O que é preocupante no sexting não é a prática em si, mas, sim, o que pode acontecer depois”, comunicou a ONG. “O usuário perde o controle sobre a imagem de si porque ela tem efeito viral, rapidamente se distribui.” Por isso, as imagens podem permanecer na internet por muito tempo, vinculadas ao nome do envolvido. O que significa que, depois de anos, ainda assim a “vítima” responderá pelo que aconteceu.

Isso pode ter repercussão em uma entrevista de emprego, por exemplo. A Safernet Brasil atende vítimas que procuraram o serviço gratuito Helpline Brasil ou Canal de Ajuda. O atendimento pode ser por e-mail ou pelo do chat. O endereço do site é http://new.safernet.org.br/helpline/. (DSP)

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