O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesse sábado (21) que as Forças Armadas dos EUA realizaram um “ataque muito bem-sucedido” a três instalações nucleares iranianas, marcando a entrada oficial de Washington na guerra iniciada por Israel na última quinta-feira (madrugada de sexta no horário local). De acordo com o republicano, as ações miraram Natanz, Isfahã e a instalação subterrânea de enriquecimento de urânio em Fordow, considerada o “coração” do programa nuclear de Teerã.
“Concluímos nosso ataque muito bem-sucedido às três instalações nucleares no Irã, incluindo Fordow, Natanz e Isfahã”, afirmou Trump em uma publicação em sua plataforma Truth Social. “Uma carga completa de BOMBAS foi lançada sobre a instalação principal, Fordow”, disse ele, acrescentando que os bombardeiros já estavam em segurança, fora do espaço aéreo iraniano, e a caminho da sua base.
De acordo com a Casa Branca, Washington informou Tel Aviv previamente que realizaria o ataque e, após a sua conclusão, Trump e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, conversaram por telefone.
Na sua série de publicações, Trump indicou que o ataque forçará o regime iraniano a acabar com a guerra, defendendo que “não há outro exército no mundo que poderia ter feito isso” — justificativa que deve repetir à população esta noite para justificar a própria contradição. Durante a campanha presidencial, o republicano frequentemente criticou rivais democratas por se envolverem em guerras em países distantes em vez de voltarem os olhares para assuntos domésticos. Além disso, Trump repetiu em diversas ocasiões, orgulhoso, de que guerras não foram iniciadas no seu primeiro mandato, alegando que pacificaria o mundo nesta segunda passagem pela Casa Branca.
Reação iraniana
Ainda não há informações sobre a dimensão dos danos, mas a imprensa iraniana confirmou que as infraestruturas de fato foram atacadas. Logo após o ataque, a Guarda Revolucionária da República Islâmica, braço mais poderoso das Forças Armadas do país, disse “agora a guerra começou para nós”. Em uma ofensiva no início do dia, Israel disse ter matado três comandantes da força — que já vinha sofrendo baixas importantes na sua alta cúpula desde o início do conflito.
Para Paulo Filho, coronel da reserva e mestre em Ciências Militares, ainda “é muito cedo para avaliar” as consequências da entrada dos EUA na guerra. Segundo ele, dois fatores são fundamentais para analisar a operação: os danos efetivos e como será a reação dos iranianos.
“Uma eventual destruição de Fordow deve ter deixado algum registro sismográfico, seria uma coisa a investigar”, pontuou, questionando qual será o próximo passo da República Islâmica: “A Guarda Revolucionária tuitou ‘agora entramos na guerra’. O que farão: atacar tropas dos EUA na Síria e no Iraque? Fechar o estreito de Ormuz? Eles ainda têm condições de reagir? E se reagirem, qual será a resposta dos EUA? Há chance de queda do regime?
Após a operação, Israel elevou o nível de alerta em todo o território, permitindo apenas atividades consideradas essenciais até novo aviso, informou o Exército em comunicado.
“Com a aprovação do ministro da Defesa Israel Katz, e após avaliar a situação, foi decidido que a partir de hoje (domingo) às 03h45 [21h45 no horário de Brasília] todas as zonas do país passarão do nível de ‘atividade parcial’ ou ‘limitada’ para ‘atividade essencial’, o que inclui a proibição de atividades educacionais, reuniões e atividades nos locais de trabalho, exceto para os setores essenciais”, diz o comunicado.
Presságio
Nos últimos dias, Washington deu diversos indícios de que entraria oficialmente na guerra.
Mais cedo nesse sábado, os EUA haviam enviado para sua Base Naval de Guam, no Pacífico, seis bombardeiros B-2 — os únicos com capacidade para transportar bombas do tipo “bunker busters”, de quase 14 toneladas, projetadas para destruir bunkers subterrâneos como a fortaleza nuclear de Fordow. A manobra foi vista como um presságio de um ataque iminente, uma vez que a proximidade da base com o Oriente Médio e seu papel como centro logístico regional a tornam um ponto de partida estratégico para operações na região.
Paralelamente, os EUA já haviam enviado cerca de 30 aviões de abastecimento para a região e deslocado seu maior porta-aviões, o USS Gerald R. Ford, para o leste do Mar Mediterrâneo, perto de Israel, com previsão de chegada na próxima semana.
Com capacidade para cerca de 4.600 militares e até 90 aeronaves, ele se juntará a outros dois superporta-aviões americanos que já estão nas proximidades: o USS Nimitz, que estava no sudeste da Ásia, e o USS Carl Vinson, antes em operação no Oceano Índico.
Outro indicio de que Washington foi uma informação revelada mais cedo pela AFP de que Trump, que raramente passa os fins de semana em Washington, retornaria à Casa Branca na noite deste sábado para uma “Reunião de Segurança Nacional” não especificada.
Há dois dias, Trump advertiu que Teerã tem “no máximo” duas semanas para evitar possíveis ataques aéreos americanos, enquanto Washington avaliava se deveria se juntar à campanha de bombardeios sem precedentes de Israel. (Com informações de agências internacionais)