O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta sexta-feira (27) que um novo cessar-fogo em Gaza pode estar próximo e que um acordo envolvendo Israel e o grupo Hamas poderia ser fechado já na próxima semana.
“Acreditamos que, até mesmo na semana que vem, conseguiremos um cessar-fogo”, disse Trump a repórteres.
Ele afirmou que estava em contato com pessoas responsáveis por negociar um acordo entre as partes, sem dar mais detalhes. O republicano deu a declaração a repórteres em um evento com representantes da República Democrática do Congo e de Ruanda, países em guerra que assinaram um acordo de paz mediado pelos EUA nesta sexta.
A guerra em Gaza teve início em 7 de outubro de 2023, após terroristas liderados pelo Hamas invadirem Israel, matando cerca de 1.200 pessoas e fazendo 251 reféns — a maioria civis.
Desde então, a campanha militar israelense matou quase 56.077 palestinos — em sua maioria civis, segundo autoridades de saúde de Gaza — e devastou grande parte do território densamente povoado. A maioria da população está deslocada e a desnutrição generalizada é uma preocupação crítica.
Um breve cessar-fogo de 40 dias foi estabelecido entre janeiro e março de 2025, mas Israel retomou as ofensivas militares logo após o fim do prazo. Durante a trégua, o Hamas devolveu reféns a Israel, enquanto o governo israelense concordou em libertar prisioneiros palestinos mantidos em suas prisões.
Crimes de guerra
A advogacia-geral militar de Israel ordenou uma investigação sobre possíveis crimes de guerra devido a alegações de que as forças israelenses dispararam deliberadamente contra civis palestinos perto de locais de distribuição de ajuda em Gaza, informou o jornal Haaretz na sexta-feira. Centenas de palestinos foram mortos no último mês nas proximidades de áreas onde os alimentos estavam sendo distribuídos, segundo hospitais e autoridades locais.
O periódico citou soldados israelenses não identificados dizendo que foram instruídos a disparar contra as multidões para mantê-las afastadas e a usar força letal desnecessária contra pessoas que pareciam não representar ameaça. Segundo o Haaretz, um porta-voz militar afirmou que o Exército estava tentando minimizar o potencial atrito entre a população e as forças israelenses, acrescentando que, após relatos de danos a civis, o Exército havia conduzido investigações e dado novas instruções às forças terrestres.
O Haaretz também citou fontes não identificadas dizendo que a unidade do Exército criada para analisar incidentes que possam envolver violações da lei internacional foi encarregada de examinar as ações dos soldados perto dos locais de distribuição no último mês.
Há uma escassez aguda de alimentos e outros suprimentos básicos após a campanha militar de quase dois anos de Israel contra os militantes do Hamas em Gaza que reduziu grande parte do enclave a escombros e deslocou a maioria de seus dois milhões de habitantes.
Ao todo, mais de 500 pessoas morreram perto de centros de ajuda operados pela Fundação Humanitária de Gaza (GHF), apoiada pelos EUA, ou em áreas onde os caminhões de alimentos da ONU deveriam passar desde o final de maio, segundo as autoridades de saúde de Gaza.