Ícone do site Jornal O Sul

Turcos vão às urnas com Erdogan favorito à reeleição e oposição unida

Urnas foram abertas às 8h (2h, em Brasília) deste domingo. (Foto: Reprodução)

Os eleitores turcos começaram a votar neste domingo (24) nas eleições presidenciais e legislativas do país. As urnas foram abertas às 8h locais (2h, em Brasília) e permanecerão abertas até as 17h (11h, em Brasília). Mais de 59 milhões de turcos, incluindo 3 milhões de expatriados, estão aptos a votar.

O atual presidente, Recep Tayyip Erdongan, no poder há 15 anos, é favorito para um novo mandato de 5 anos, mas pode ter dificuldades para garantir vitória no 1º turno e admite formar coalizão no Parlamento. O vencedor terá poderes reforçados após o referendo de 2017. Além do presidente, os turcos irão eleger os novos ocupantes das 600 cadeiras do Parlamento.

Erdogan, de 64 anos, dirige a Turquia desde 2003, primeiro como primeiro-ministro e depois como presidente. Ele transformou seu país com projetos e políticas de desenvolvimento voltadas para o crescimento econômico, ao mesmo tempo em que reforçou o discurso religioso muçulmano no país laico e se impôs como ator-chave na arena internacional.

O chefe de Estado agitou em abril o calendário político anunciando a antecipação para 24 de junho das eleições inicialmente previstas para 3 de novembro de 2019. Uma decisão provavelmente motivada pelo temor da crise econômica que parece atingir o país com uma queda enorme da lira turca, uma inflação de dois dígitos e um déficit significativo em sua balança.

Mais poderes

O resultado das eleições será especialmente importante para a Turquia, já que o vencedor terá poderes reforçados após o referendo de abril de 2017 convocado por Erdogan após o fracassado golpe de julho de 2016. Neste novo sistema, ainda não plenamente em vigor, desaparecerá a figura do primeiro-ministro e o presidente concentrará todo o poder em suas mãos, sem o controle apenas do parlamento.

Desta vez, o presidente turco enfrentou na breve campanha eleitoral uma união inesperada dos partidos de oposição e um concorrente, Muharrem Ince (CHP, social-democrata), capaz de desafiá-lo. Ainda que Erdogan seja favorito, segundo a France Presse, muitos observadores acreditam que ele não vencerá no primeiro turno e que sua formação, o Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP), poderia perder sua maioria no Parlamento.

Outros candidatos

Erdogan enfrenta quatro outros candidatos à presidência. O mais popular é o ex-professor de física Muharrem Ince, do Partido Republicano do Povo (CHP, socialdemocrata), que se tornou a surpresa da campanha eleitoral, graças à sua tenacidade e a seu estilo combativo, e chegou inclusive a incomodar o atual presidente. É o favorito a enfrentar Erdogan em um possível segundo turno.

Selahattin Demirtas, do Partido Democrático dos Povos (HDP, pró-curdo), já concorreu em 2014, quando obteve 10% dos votos, e é candidato mesmo estando preso desde 2016, acusado de dirigir uma organização “terrorista”. Ele denuncia um “sequestro” político, consequência de sua feroz oposição a Erdogan. O candidato detido fez campanha nas redes sociais por meio de seus advogados e aproveitou-se de uma ligação autorizada à esposa para fazer um discurso que foi gravado pelo telefone e transmitido pelo seu partido.

“Energia nova”

A “energia nova” da oposição permitiu orientar o debate durante a campanha pela primeira vez desde a chegada de Erdogan ao poder, explica Asli Aydintasbas, especialista do Conselho Europeu de Relações Internacionais. Isso forçou, por exemplo, Erdogan a prometer a suspensão do estado de emergência vigente desde o golpe de estado fracassado, depois que outros candidatos o fizeram.

A unidade da oposição é em parte explicada pela apertada vitória do sim no referendo sobre a revisão constitucional para ampliar os poderes presidenciais, aprovada com 51,4% dos votos. “Esse resultado mostra um voto sólido da oposição que pode ser qualificado como um voto anti-Erdogan”, diz Aydintasbas. “Por isso, era natural que a oposição se unisse para consolidar esse voto”.

Sair da versão mobile