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Um anúncio de doação de sêmen para inseminação caseira enviado pelo WhatsApp

A prática de doar sêmen não é recomendada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), (Foto: Reprodução)

A mensagem informa que Paulo é esportista, artista e administrador de empresas. Tem ascendência italiana, espanhola e libanesa. E histórico de olhos azuis na família. Vem com fotos dele bebê e adulto, na praia, de sunga. Poderia ser um perfil de aplicativos de paquera. Mas é um anúncio de doação de sêmen para inseminação caseira, enviado por WhatsApp. O paulistano Paulo PJ, de 44 anos, diz estar no ramo há seis anos, não cobrar pelos espermatozoides nem exigir que o procedimento seja “natural”, com sexo entre os envolvidos.

“Tenho 102 positivos e já ajudei mais de 800 tentantes com informações”, celebra PJ. “O que me motiva são as histórias. Quando vejo fotos das crianças e suas famílias, percebo que mudei a vida daquelas pessoas. Fico feliz, mas não vejo como meus filhos. Pelo contrário. Quando sai de mim, já sai terceirizado.”

Prática não recomendada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), a inseminação caseira, ou autoinseminação, consiste em inserir o sêmen de um doador com uma seringa na vagina, durante o período fértil, sem acompanhamento profissional. É uma alternativa adotada em geral por famílias de baixa renda, diante dos preços cobrados em clínicas de reprodução assistida. Há dois tipos de procedimento certificados: a inseminação artificial com respaldo médico e a fertilização in vitro, com o espermatozóide em laboratório formando embriões que serão transferidos. O primeiro método pode custar entre R$ 7 e R$ 15 mil. O segundo, entre R$ 20 mil e R$ 30 mil.

Não recomendada, a inseminação caseira não é ilegal. Só se torna uma contravenção se o sêmen for comercializado: o CFM e a Lei de Transplante de Órgãos proíbem a venda de gametas (óvulos e espermatozoides). Mas a prática faz parte de um universo ainda bastante clandestino. Mulheres que recebem o sêmen não assumem o método por vergonha ou incômodo com a figura masculina. Doadores receiam pedidos de paternidade e pensão.

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