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“Doleiro dos doleiros” na Operação Lava-Jato continuou a trajetória do seu pai polonês e ficou conhecido por suas amizades e operações

Indicado por Alberto Youssef como um dos cinco maiores do ramo, o empresário é figurinha repetida em escândalos de lavagem de dinheiro. Na foto, ele com seu pai, Mordko Messer. (Foto: Reprodução)

Dario Messer foi descrito por Alberto Youssef, nome importante da Operação Lava-Jato, como um dos cinco maiores “doleiros dos doleiros” brasileiros. Não foi à toa que conquistou o título, tinha exemplo dentro de casa: seu falecido pai, o polonês Mordko Messer, deu início ao negócio. Ele é conhecido como o primeiro doleiro do Brasil. Figura carimbada em investigações de lavagem de dinheiro desde o início dos anos 2000, passando do escândalo do Banestado até o Swissleaks, o doleiro de 60 anos se tornou principal alvo da operação “Câmbio, Desligo” da Polícia Federal, deflagrada na manhã da última quinta-feira (3) com mandados de prisão contra Messer e seus parceiros. A busca está sendo feita até no Paraguai, onde acredita-se que ele esteja. Ele não foi encontrado em sua casa no Rio. O nome do doleiro já consta na lista de procurados da Interpol, a polícia internacional.

O esquema de lavagem de dinheiro de Messer que levou ao mandado de prisão, atinge a astronômica cifra de US$ 1,652 bilhão. No relatório liberado pelo Ministério Público Federal, Dario aparece como o sócio-capitalista do negócio, e dono de 60% dos lucros. Seu codinome era Cagarras, por conta de sua cobertura na avenida Delfim Moreira, no Leblon, com vista para as ilhas homônimas.

Messer está acostumado a desviar-se de possíveis ameaças. Em 2009, recebeu um mandado de prisão na operação “Sexta-feira Treze”, que investigou lavagem de dinheiro, mas não foi encontrado. Sua mulher, a designer de joias Rosane Messer, também foi acusada e chegou a ser presa.

Anos mais tarde, assim que deflagrada a Operação Lava-Jato, mudou-se para o Paraguai. Ele mantém relações estreitas com o atual presidente, Horacio Cartes, que assim como a família Messer, já teve um negócio de câmbio de moedas e chegou a fundar o banco Amambay. Segundo dados revelados pelo Wikileaks em 2010, Cartes é investigado por lavagem de dinheiro.

O nome de Dario Messer apareceu pela primeira vez associado à lavagem de dinheiro em 2005, quando o também doleiro Toninho da Barcelona disse à CPI do Banestado que Dario lhe repassou dinheiro do exterior para ser lavado para o PT. O doleiro também é citado, junto à esposa, na lista dos investigados do Swissleaks divulgada em 2015.

Presos no início de 2017 por envolvimento no esquema de lavagem de dinheiro de Sérgio Cabral, os também doleiros Vinícius Vieira Barreto Claret, o Juca Bala, e Cláudio Fernando Barbosa, o Tony, disseram que começaram no esquema em 1980, quando foram contratados pela ANTUR, casa de câmbio da família Messer. Na época, foi descoberto que no mesmo esquema, doleiros brasileiros e uruguaios se uniram para lavar dinheiro de Cabral. Os delatores foram soltos no mesmo dia que a operação “Câmbio, Desligo” foi deflagrada. O acordo de colaboração dos dois previa que eles ficassem presos por um ano e dois meses, e esse prazo terminou justamente na quinta-feira.

Doleiro badalado

Dario é um personagem com um leque de amizades amplo e variado. Mantinha relações próximas desde pessoas como Lúcio Funaro até o jogador de futebol Ronaldo Fenômeno, que costumava frequentar festas no apartamento do doleiro.

Sobre o presidente do Paraguai, foi o pai de Dario quem o ajudou a se reerguer e por isso, mantém uma relação de amizade muito próxima até hoje.

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