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Um relatório oficial aponta que a desigualdade de renda entre homens e mulheres diminuiu no Rio Grande do Sul

Em abril, apenas 8% das negociações salariais alcançaram resultados acima do INPC. (Foto: Agência Brasil)

Divulgado nessa quarta-feira pelo governo gaúcho, um relatório destaca uma série de conclusões sobre o mercado de trabalho do Rio Grande do Sul. Dentre elas está a maior escolaridade da força laboral no Estado e a redução na diferença entre o que é pago para homens e mulheres com o mesmo grau de instrução.

Além do recuo na desigualdade em termos de renda, o estudo – intitulado “Boletim do Trabalho” – aponta um importante avanço no mercado por profissionais de ambos os sexos com formação superior. Entre o segundo trimestre de 2012 e o mesmo período neste ano, o Boletim aponta aumento no peso relativo dos segmentos mais escolarizados em ambos os sexos na composição da FT (força de trabalho).

As mulheres com diploma superior tiveram um avanço no total da FT feminina, que passou de 17,4% para 23,2%. Entre os homens, a expansão foi de 8,9% para 14,4% do total. No intervalo analisado, o segmento com Ensino Médio completo era o mais representativo da força de trabalho, tanto entre homens (30,8% do total) como entre mulheres (32,1%). Esse dado mostra um avanço na comparação com o segundo trimestre de 2012, quando a população com Ensino Fundamental incompleto era a que tinha maior peso.

Quanto ao nível de instrução da população ocupada (mercado formal ou informal), em sete anos também houve aumento dos segmentos mais escolarizados. Entre as mulheres, o peso do subgrupo com Ensino Superior completo avançou de 17,8% no 2º trimestre de 2012 para 24,8% no 2º trimestre de 2019. No caso de homens, passou de 9,1% para 15%.

Quanto aos rendimentos recebidos por homens e mulheres, o Boletim aponta redução na desigualdade, mas com percentuais ainda altos. A maior diferença está justamente nos níveis mais altos de escolaridade.

Homens com Ensino Superior completo recebiam, no segundo trimestre deste ano, 34,6% mais do que as mulheres com o mesmo grau de instrução. O percentual é menor do que o registrado no mesmo intervalo em 2012, mas está maior do que a mínima histórica, registrada no segundo trimestre de 2015, quando a diferença chegou a 30,5%.

A menor diferença nos rendimentos se encontra no segmento com Ensino Médio incompleto, onde homens ganham 17% a mais do que as mulheres com o mesmo grau de instrução. O percentual aponta queda quando comparado com o início da série em 2012, quando a diferença era de 29,8%.

Ainda no segmento com Ensino Médio, o mais representativo entre a população ocupada, as mulheres recebem 25,2% a menos do que os homens, também abaixo do registrado no segundo trimestre de 2012, quando a diferença era de 33,6%.

“A redução na diferença dos rendimentos entre homens e mulheres é uma constatação positiva, mas os dados apontam um percentual ainda alto de desigualdade, que devem ser analisados com atenção para a elaboração de ações para atacar este problema”, avalia a coordenadora da Divisão de Pesquisa Econômica Aplicada do DEE, Daiane Menezes.

Considerando-se o período entre 2006 e 2018, avaliado na Rais, o percentual de empregados formais no Rio Grande do Sul que não havia completado o Ensino Fundamental era de 22,7% em 2006, caindo para 11,7% em 2018. Entre a população com Ensino Superior completo, o percentual subiu de 14,1% para 21,1%.

O documento foi produzido pelo DEE (Departamento de Economia e Estatística), vinculado à Seplag (Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão), que já produz o Boletim de Conjuntura e os dados sobre o PIB (Produto Interno Bruto) gaúcho. A base foram os dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua, Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) e Rais (Relação Anual de Informações Sociais).

Economia

No que se refere aos setores econômicos, o perfil da força de trabalho também se diferencia. Em 2018, a agropecuária concentrava 41,2% dos seus trabalhadores sem Ensino Fundamental completo, percentual muito acima do segundo colocado no ranking, a construção civil, que conta com 23% dos empregados formais com este nível de instrução.

Os setores de comércio e serviços concentraram, por sua vez, os maiores percentuais de trabalhadores com Ensino Médio completo (64,4% e 52,1%, respectivamente) no ano passado, uma alta em comparação a 2006, quando a população com este grau de instrução concentrava 48,9% e 40,0% dos trabalhadores formais.

Entre os homens e mulheres com Ensino Superior, a administração pública é o destaque. Em 2018, este setor concentrava 58,2% dos trabalhadores com esta instrução, ante 31,1% do registrado em 2006.

Quanto à geração total de empregos, de acordo com o Caged, nos últimos 12 meses, entre outubro de 2018 e setembro de 2019, o Rio Grande do Sul registrou a criação de 15.563 vagas, com destaque para o setor de serviços e comércio, cujo grau de instrução dos trabalhadores contratados é predominantemente o Ensino Médio completo.

(Marcello Campos)

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