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Uma das filhas de Michel Temer prestou depoimento à Polícia Federal durante mais de quatro horas

Maristela, em depoimento à PF, afirmou que o valor da obra foi de R$ 700 mil. (Foto: Reprodução de TV)

A psicóloga Maristela Temer, 45 anos, uma das três filhas do presidente Michel Temer, prestou depoimento à PF (Polícia Federal) nessa quinta-feira, durante aproximadamente quatro horas. A oitiva foi realizada em uma sala especial da corporação no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo e ela prestou esclarecimentos sobre supostas irregularidades envolvendo uma reforma em sua casa, em 2014.

Os investigadores trabalham com a suspeita de que o emedebista tenha usado obras em residências de parentes e transações imobiliárias em nome de terceiros para lavar dinheiro oriundo de propina.

Nem ela nem seu advogado, Fernando Castelo Branco, falaram com a imprensa ao deixarem o local. O defensor se limitou a declarar, por meio de nota, que Maristela respondeu a todas as perguntas dos investigadores e que a possibilidade de sua cliente ser ouvida foi “elucidativa”. Disse, ainda, que Maristela “continua disposta a colaborar com as investigações”.

De acordo com reportagens publicadas pela imprensa naquele ano, Temer – então vice-presidente de Dilma Rousseff – teria recebido ao menos R$ 2 milhões em propina por meio do coronel reformado João Baptista Lima Filho, o “Coronel Lima”, seu amigo próximo. O fato consta em delações premiadas de executivos do grupo empresarial JBS/Friboi, dos irmãos Joesley e Wesley Batista.

No ano passado, por meio da Operação Patmos, foram encontrados documentos sobre uma obra na casa do coronel Lima. No final de março, Lima chegou a ficar preso por dois dias na Operação Skala, da PF. No mês passado, o jornal “Folha de S. Paulo” noticiou que um fornecedor declarou ter recebido pagamentos em dinheiro vivo das mãos da arquiteta Maria Rita Fratezi, mulher do ex-coronel, a fim de cobrir uma reforma em uma casa de Maristela.

Florisvaldo Oliveira, ex-funcionário da JBS/Friboi, disse em acordo de delação premiada que entregou R$ 1 milhão ao Coronel Lima, em 2014, como parte de um total de R$ 15 milhões para a campanha eleitoral daquele ano. O valor teria sido acertado com o próprio Michel Temer. Outro delator do grupo empresarial, Ricardo Saud, afirmou ter ordenado a entrega do dinheiro.

Defesa

A defesa de Temer diz que as transações imobiliárias são legais e compatíveis com seus rendimentos. Na semana passada, após a intimação de Maristela, o presidente disse ser alvo de uma “perseguição criminosa disfarçada de investigação”.

A defesa de coronel Lima e Maria Rita nega que eles tenham cometido irregularidades. Até o momento, nem Maristela, nem seu advogado comentaram a investigação.

 

Nessa quinta-feira, ao ser questionado pela imprensa sobre o depoimento da filha, Michel Temer disse apenas: “Registre o meu sorriso”. No domingo passado, ele cancelou a viagem que faria ao Sudeste Asiático a partir deste sábado.

Segundo a Secretaria de Comunicação da Presidência, o “adiamento” ocorreu apenas por causa do “calendário eleitoral”, e não tem relação com as investigações.

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