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Uma pesquisa mostrou que três em cada dez brasileiros não sabem ler

Segundo o IBGE, no Brasil, são quase 12 milhões de pessoas assim, que têm mais de 15 anos e não sabem ler ou escrever. (Foto: Reprodução)

Três em cada dez brasileiros não aprenderam o suficiente para ler, escrever e fazer contas no dia a dia. É a conclusão de uma pesquisa educacional. No mundo das letras, o desafio pode estar nas tarefas mais simples: reconhecer para onde vai um ônibus ou as informações de uma loja. Segundo o IBGE, no Brasil, são quase 12 milhões de pessoas assim, que têm mais de 15 anos e não sabem ler ou escrever. O Nordeste é a região com mais casos de analfabetismo. Em Alagoas, 18% da população. São Paulo tem um índice baixo: 2,6%, mas com muitos moradores, possui mais de 900 mil analfabetos.

De acordo com o desempregado Ramon Costa “as palavras sempre foram embaralhadas”. Ele frequentou escola até o ensino médio, mas hoje, com 22 anos, ainda precisa de ajuda na hora de tentar um emprego. “Uma vez eles me deram um monte de fichas, aí eu pedi ajuda para a menina do lado, e a mulher falou assim: ‘você não consegue preencher não?’ E eu falei: ‘Não, moça, eu sou meio devagar, entendeu?’ Para não ficar muito feio”, conta o desempregado.

Os números ganham cara e nomes em alguns locais, como nas salas de aula. E tem adultos tentando aprender aquilo que não conseguiram ou não tiveram oportunidade quando ainda eram crianças. Fica claro como isso pode ser difícil, e como chegamos neste ponto.“Fiquei sem o meu pai bem novinho, aí tive que trabalhar para tomar conta dos meus irmãos”, conta o porteiro Manuel Germano de Souza.

“A gente morava no sertão e o colégio era no povoado, era muito longe”, diz a cozinheira Lucia Maria Moreira. “Eu trabalhava, e logo depois eu casei e tive meus filhos”, lembra a dona de casa Luzimar Roberto. Um curso noturno tem 240 alunos e a maioria passou pela escola em alguma fase da vida. De acordo com a mais recente edição do Indicador de Analfabetismo Funcional, pesquisa coordenada pela ONG Ação Educativa e pelo Instituto Paulo Montenegro, realizada pelo Ibope. Ela revela que, de 2001 para cá, o número de pessoas, entre 15 e 64 anos, que chegaram ao ensino médio, aumentou de 24% para 40%.

Mais gente na escola. Mas isso não significa melhor leitura: a capacidade de entender um texto, de fazer uma conta matemática simples, permanece a mesma de anos anteriores: três em cada dez brasileiros são considerados analfabetos funcionais. Isso reforça a opinião de especialistas: aprender a ler exige uma ação integrada. Fazer parcerias com outros órgãos, como um posto de saúde para descobrir cedo problemas que afetem o aprendizado.

“A gente tem uma realidade, infelizmente, em que 55% das crianças são analfabetas no final do terceiro ano do ensino fundamental, são crianças com 8, 9 anos. São essas as crianças que serão as analfabetas quando adultas”, diz a presidente do movimento Todos pela Educação, Priscila Cruz.

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