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Uma pesquisa realizada pelo Ibope durante a greve dos caminhoneiros indica que quase 60% dos brasileiros temiam que o País enfrentasse uma crise parecida com a da Venezuela

Bloqueios em rodovias afetaram o abastecimento de vários itens. (Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil)

Uma pesquisa realizada pelo instituto Ibope durante a paralisação nacional dos caminhoneiros, a pedido do Palácio do Planalto, indica que 59% dos brasileiros acreditam que poderia acontecer no Brasil o que ocorreu na Venezuela” caso a crise se agravasse. Outros 30% responderam que não acreditavam nessa possibilidade.

A pergunta feita aos entrevistados, entretanto, não especificava o significado de “o que aconteceu na Venezuela”. O país governado pelo presidente Nicolás Maduro passa por uma grave crise econômica nos últimos anos, com escassez de alimentos, remédios e outros itens. A estimativa é que entre 1,5 milhão e 1,6 milhão de venezuelanos tenham abandonado o seu país até o final do ano passado.

Na segunda-feira, sete países, incluindo o Brasil, propuseram que a Venezuela seja suspensa da da OEA (Organização dos Estados Unidos (OEA). O grupo argumenta que a eleição presidencial realizada no país no mês passado (quando Nicolás Maduro foi reeleito) ocorreu “sem as garantias necessárias para um processo livre, justo, transparente e democrático”.

Na mesma pesquisa encomendada pelo Planalto, o Ibope perguntou qual era a melhor solução para a crise causada pela paralisação dos caminhoneiros. A antecipação das eleições presidenciais foi defendida por 33% das pessoas, enquanto 28% queriam uma intervenção federal, mesmo número dos que apoiaram que Michel Temer termine seu mandato.

Normalidade

A paralisação dos caminhoneiros foi encerrada na semana passada, após durar cerca de 11 dias. Nessa segunda-feira, o ministro do GSI (Gabinete Segurança Institucional), Sérgio Etchegoyen, afirmou que o abastecimento de todos os itens já foi normalizado no País e que não há mais nenhuma ameaça ou risco a segurança institucional e das estradas.

Segundo ele, o governo está disposto a “usar seu poder de polícia” para garantir que a redução de R$ 0,46 no preço do diesel seja efetiva na hora de o motorista abastecer.

“Os 46 centavos, a própria BR Distribuidora já se antecipou e fez o desconto de todo o seu estoque, independente de quanto ele tenha custado”, informou o ministro. “O governo, neste momento, está se reajustando para a fiscalização disso e todo o esforço, todo o poder de polícia que o governo tem, será posto para garantir o desconto previsto. A fiscalização será feita com toda energia e todo o empenho que a situação exige.”

Diante do cenário de reabastecimento, o grupo de trabalho criado pelo governo para monitorar a situação da greve dos caminhoneiros será reformulado: “Concluímos que as questões pelas quais o grupo trabalhava, abastecimento e os temas relativos a defesa e segurança, estão superadas. Nós já temos o abastecimento normalizado em todo o País, de todos os itens e não há mais nenhuma ameaça nenhum risco a segurança institucional e as estradas”.

Etchegoyen acrescentou que, a partir de agora, o grupo se reorganiza para dar o protagonismo aos temas que permanecem que são a fiscalização do que foi acordado, as questões de preços de diesel, de frete, enfim, o trato político junto ao Congresso para fazer avançar as questões que dependem do Congresso.

Indagado sobre a a ausência de gás de cozinha para a compra em alguns locais de revenda, o ministro alegou que o problema ocorre em função da reposição do estoques e afirmou que o governo não poderia fazer mais nada para garantir a chegada do produto ao consumidor:

“É possível que exista ainda alguns pontos que não chegou lá na revenda, onde as pessoas vão comprar, mas está normalizado. Não há mais o que fazer para fazer chegar. O problema está resolvido, a partir de agora é a reposição dos estoques. O governo entregou às distribuidoras e as distribuidoras têm que fazer chegar à ponta da linha e isso vai se normalizar, mas não há mais o que fazer da parte do apoio a logística de gás de cozinha”.

Etchegoyen informou, ainda, que a BR Distribuidora já aplicou o desconto de R$ 0,46 no diesel em todo o seu estoque. Segundo ele, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, ficará responsável por redirecionar o trabalho os trabalhos do grupo que continuará mobilizado para investigar e punir responsáveis por episódios de violência ocorridos durante a greve.

“Um dos temas que permanecerá mobilizado é o prosseguimento das ações policiais e judiciárias, os processos contra violência contra caminhoneiros, as ações de sabotagem das linhas férreas e das torres de eletricidade, as investigações continuam, os processos continuam e o governo empenhará os seus meios para que essas pessoas sejam devidamente levadas à Justiça”, concluiu.

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