A nova geração de investigadores tem à disposição um grupo de ferramentas que encurta caminhos e viabiliza uma complexa apuração de crimes e pagamentos envolvendo as maiores empresas brasileiras e partidos que sustentam o poder.
Hoje, registros de operações bancárias e telefônicas de alvos de investigações são incluídos automaticamente em bases onde, com um clique do mouse, é possível cruzar informações e estabelecer conexões que nem mil apuradores conseguiriam fazer manualmente.
Delegados trabalham nos fins de semana para construir um banco de dados que tenta reunir todo o material apreendido com acusados nas 16 fases da Operação Lava-Jato. O plano é, no futuro, poder compartilhar a central com outras unidades da PF (Polícia Federal).
Mas as conquistas vêm com percalços, e os bastidores da Lava-Jato revelaram dificuldades de processamento do volume de dados reunidos. “Podem haver tesouros de corrupção que ainda não conhecemos, pois não temos capacidade de informatizar tudo”, admitiu o procurador Paulo Galvão.
Nos próximos dias, a PGR (Procuradoria-Geral da República) iniciará uma bateria de testes com fornecedores atrás de um programa que permita análises simultâneas em uma base única de arquivos de diferentes formatos.
Ferramenta do tipo é usada pelos principais órgãos de inteligência do mundo, como o FBI (a polícia federal norte-americana) e a Scotland Yard (a polícia distrital de Londres, na Inglaterra), para atividades como a localização de uma placa de carro em uma gravação de horas de vídeo, a conversão automática de áudio em texto ou a busca, em e-mails, de gírias relacionadas à propina. (AG)