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Uma semana após anúncio, novo ministro da Saúde ainda não tem data para assumir o cargo

Ministro Queiroga mencionou morte de adolescente, mas autoridades já descartaram relação entre o óbito e o imunizante. (Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Anunciado pelo próprio presidente Jair Bolsonaro há uma semana como sucessor de Eduardo Pazuello no Ministério da Saúde, o médico Marcelo Queiroga ainda não tomou posse no cargo – e até a noite desta segunda-feira (22), não havia sequer data para que isso ocorresse.

A cerimônia de transmissão de cargo chegou a ser prevista para esta terça-feira (23), mas foi adiada. Fontes afirmaram que o presidente Bolsonaro ainda procura um novo posto para Pazuello no governo. Ao longo do dia, ganhou força a possibilidade da criação de um “Ministério da Amazônia” a ser comandado pelo ministro.

Apesar da demora, a posse de Queiroga no Ministério da Saúde é dada como certa. A escolha de Bolsonaro não agrada o Centrão – grupo de partidos que compõe a base do governo no Congresso.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), havia indicado a médica Ludhmila Hajjar, que chegou a se reunir com Bolsonaro mas, depois, disse que recusaria o convite por falta de “convergência técnica”.

Investigação pode atrasar

Mais do que o perfil de Pazuello ou de Queiroga, é justamente a lacuna no comando do Ministério da Saúde, dividido entre ambos, que tem provocado a maior parte das críticas.

Essa indefinição pode, inclusive, atrasar investigações em curso no Ministério Público. Entre elas, as apurações sobre a compra de medicamentos sem eficácia para a Covid-19, como a hidroxicloroquina, na gestão Pazuello.

A Procuradoria da República no Distrito Federal enviou diversos ofícios ao ministro Eduardo Pazuello sobre o tema, com pedidos de informação sobre a compra dos insumos. Se Marcelo Queiroga for nomeado para o cargo durante o prazo para a resposta, no entanto, esses ofícios terão de ser “reendereçados” para não perder validade jurídica.

Esse processo, se confirmado, atrasa novos pedidos de informações e o recebimento dos dados que norteiam o inquérito – e podem resultar, por exemplo, no oferecimento de uma denúncia à Justiça.

No último dia 16 – um dia após Bolsonaro anunciar a escolha de um novo ministro –, o MPF no DF chegou a enviar um ofício a Queiroga. No documento, o médico foi questionado sobre “em quais evidências científicas o Ministério da Saúde se apoiou para publicar as orientações sobre o uso de cloroquina como tratamento precoce para pacientes com Covid-19”.

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