O presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou uma mobilização parcial da população para a guerra da Ucrânia e ameaçou utilizar “todos os meios disponíveis” para garantir a segurança e integridade do território russo. Ele também comentou sobre a utilização de armas nucleares táticas.
Em entrevista à CNN nesta quinta-feira (22), Vicente Ferraro, pesquisador do Laboratório de Estudos da Ásia da USP, afirmou que o uso desse armamento no conflito é improvável, devido à proximidade entre os dois países, visto que a radiação poderia acabar atingindo a Rússia.
“Em relação à mobilização parcial, isso sim é provável, de que haverá mais apostas da Rússia nesse conflito, que pode adquirir proporção de longo prazo”, destacou Ferraro.
Um dos pontos ressaltados pelo pesquisador foi a alteração do esforço do Kremlin em deixar a população isolada do conflito armado. Isso muda com a nova determinação, pois envolve, por exemplo, pessoas desmotivadas para lutarem a guerra.
“Acaba envolvendo a sociedade de uma maneira que não estava prevista”, observou.
Ele também destacou dois pontos que serão desafios para o exército da Rússia: o treinamento dos convocados – que demanda tempo – e a coordenação das linhas de batalha – para que seja organizada, por exemplo, a logística de abastecimento das tropas.
Alerta
A ameaça de Vladimir Putin de usar armas nucleares na Ucrânia deixou o mundo em alerta. Em entrevista à CNN Rádio, o professor de Relações Internacionais da USP e coordenador do Observatório da Democracia no Mundo, Felipe Loureiro, explicou o que são esses armamentos a que o presidente russo se referiu.
Ele lembra que o mundo só assistiu o uso de armas nucleares no final da 2ª Guerra Mundial, pelos Estados Unidos, no Japão, em Hiroshima e Nagasaki.
“A população quando pensa em bombas nucleares imagina essa, que são as armas estratégias capazes de destruir cidades inteiras, com raio de destruição muito significativo, de cidades inteiras destruídas.”
No entanto, ele ressalta que Putin se referia a armas nucleares táticas. “Elas têm menor capacidade de destruição, com raio menor.”
Loureiro destaca que “normalmente essas armas táticas são pensadas e utilizadas contra tropas em campo de batalha e teriam efeito menos significativo do que as estratégicas.”
O professor avalia que Estados Unidos e a União Europeia “não acreditam na possibilidade do uso de armas nucleares.”
Na opinião dele, não é possível ter essa certeza.
O risco de “pagar o blefe” de Putin e ampliar a ajuda militar à Ucrânia, destaca o especialista, é de continuar escalando o conflito e chegar ao limite.
Ao mesmo tempo, ele não acredita que haverá um recuo por parte dos países ocidentais e que um cessar-fogo, neste momento, é “muito difícil”. As informações são da CNN.