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Vacina planejada para Mers e Sars vira modelo em pesquisa de imunização contra o coronavírus

Em números absolutos, o Brasil é o segundo país no mundo com o maior número de contaminações. (Foto: Reprodução)

Pesquisadores apostam em uma vacina desenhada com DNA sintético para obter a imunização contra o Sars CoV-2, de acordo com estudo publicado na “Nature Communications” Os cientistas usaram como bases vacinas idealizadas contra o Sars e o Mers – dois vírus da mesma família que causaram epidemias em 2002, na China, e em 2012, no Oriente Médio, respectivamente.

A família coronavírus foi assim batizada devido a uma estrutura em forma de coroa. O espinho –”spike” – é uma proteína responsável por fazer uma ligação com o receptor ACE2 nas células do corpo humano. Quando isso acontece, o coronavírus consegue gerar a infecção e se multiplicar.

Com isso, o sistema imunológico reconhece a estrutura viral com um corpo estranho e um mecanismo é acionado, que gera a produção de anticorpos e outros componentes. Na maioria das vezes, o próprio sistema da pessoa infectada consegue combater o Sars CoV-2. As vacinas tentam “treinar” o nosso organismo para evitar com que o vírus entre nas células antes da chegada de um vírus real. E caso entre, seja capaz de proteger contra evolução da doença.

“Aproximadamente 20% das pessoas têm sinais da doença Covid-19. O problema é que esse número representa muita gente porque o vírus se espalha muito rápido. A única forma de barrar isso é uma vacina ou um tratamento específico”, disse Gustavo Cabral, imunologista que atua na criação de uma vacina no Brasil.

Os projetos de Sars e Mers

A vacina INO-4700 (feita inicialmente contra o Mers) está em testes clínicos, mas apresentou resultados positivos. Camundongos e porquinhos-da-índia receberam uma dose e produziram anticorpos capazes de neutralizar o vírus, assim como outros componentes do sistema imunológico, as células T (linfócitos T). A eficiência contra o Sars CoV-2 em comparação com o Mers é de 96%, e a imunidade contra o vírus é mantida por 60 semanas.

As pesquisas com a INO-4700 estão na fase 2 na Coreia do Sul. Um dos trabalhos com essa tecnologia foi publicado em 2015 com resultados em macacos. Em 2019, foram divulgados os dados da fase 1 com humanos. Uma etapa maior da fase 2 está prevista para começar no Oriente Médio.

“Após a imunização de camundongos e porquinhos-da-índia com INO-4800, medimos as células T específicas para os vírus, anticorpos funcionais que neutralizam a infecção por Sars CoV-2 e bloqueiam a ligação da proteína ACE2. Este conjunto de dados preliminares identifica a INO-4800 como uma potencial candidata à vacina contra a Covid-19”, disseram os autores.

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