Associado ao carnaval desde os anos 1970, o jogo do bicho ainda desfila. Das 12 escolas do Grupo Especial do Rio de Janeiro, cinco estão sob sua ingerência. Em duas, Beija-Flor e Imperatriz, eles são os presidentes: Farid Abraão David e Luiz Drummond, respectivamente. Na Mocidade, Rogério Andrade é o presidente de honra, assim como Jayder Soares é o da Grande Rio.
Eles ainda mantêm o discurso de que são os “patronos”: sem o financiamento e a influência deles, o carnaval não teria o brilho que alcançou. Mas essa tese é refutada por pesquisadores do tema “Escolas sem bicheiro e sem patrocínio também fazem bons desfiles. Em 2004, Paulo Barros estreou na Unidos da Tijuca (escola presidida por um comerciante) com um enredo autoral e foi vice-campeão”, disse o jornalista Aloy Jupiara, um dos pesquisadores da relação dos bicheiros com o regime militar. “Quando o bicheiro fala que foi a contravenção que viabilizou e profissionalizou o carnaval, ele diminui os sambistas, que foram os grandes inventores dos desfiles.”
Liga
Em 1984, porém, ano em que foi inaugurado o Sambódromo, os “patronos” foram responsáveis pela fundação da Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba), alegando a necessidade de organizar o carnaval. “O discurso é autoelogioso. Se a Liesa funciona tão bem, por que houve a necessidade de as escolas recorrerem a patrocínios?”, questiona a pesquisadora Rachel Valença.
Em 2007, a Operação Furacão miraria em Anísio e no Capitão Guimarães, condenados pelos crimes de corrupção ativa e lavagem de dinheiro. Mesmo com problemas na Justiça, o bicho não largou o samba. Mas os especialistas defendem a transição. “Os ‘patronos’ estão velhos, decadentes, passando o bastão”, avalia o pesquisador Felipe Ferreira, da Universidade do Rio. (AE)