Imagens da câmera de segurança interna registraram o momento em que Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, recebeu voz de prisão no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, na última segunda-feira (17). Segundo a Polícia Federal (PF), o empresário estava tentando fugir do País em um jatinho para Malta, no Mediterrâneo. A defesa dele nega e afirma que o destino final da viagem era Dubai.
Vorcaro foi abordado por um policial à paisana, por volta das 10h, no raio-x do aeroporto, de acordo com as imagens, obtidas pelo Estadão. Ele estava no terminal de avião executivo.
O empresário foi alvo de uma operação que mira a venda de títulos de crédito falsos. A instituição emitia CDBs com a promessa de pagar ao cliente até 40% acima da taxa básica do mercado. No entanto, esse retorno era irreal. Segundo a PF, o esquema pode ter movimentado R$ 12 bilhões.
O CDB (Certificado de Depósito Bancário) é um investimento de renda fixa onde você empresta dinheiro para um banco e, em troca, recebe juros sobre o valor investido. Ele funciona com rentabilidade pré-fixada (taxa definida no momento da aplicação) ou pós-fixada (atrelada a um indicador como o CDI).
No total, a operação Compliance Zero cumpriu todos os sete mandados de prisão, incluindo Angelo Antônio Ribeiro da Silva, um dos sócios do banco, que se apresentou à polícia na capital paulista. Quatro outros diretores do banco também foram presos. Havia ainda 25 mandados de busca e apreensão nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Bahia e no Distrito Federal.
Após ser preso, Vorcaro foi levado para a Superintendência da PF em São Paulo. A defesa dele “nega veementemente que ele estivesse fugindo do país. Afirma que o destino final do voo era Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, onde Vorcaro pretendia se encontrar com parte dos compradores Banco Master”.
O empresário passou por audiência de custódia e teve a prisão mantida, mesmo diante dos argumentos da defesa de que Vorcaro está afastado da gestão do banco por ordem judicial e de que teve o passaporte apreendido.
A prisão aconteceu horas após o consórcio liderado pelo grupo de investimento Fictor Holding Financeira anunciar a compra do Banco Master – e pouco mais de um mês após o Banco Central ter rejeitado a aquisição pelo BRB (Banco de Brasília).
Na manhã de terça (18), no entanto, o BC emitiu um comunicado decretando a liquidação extrajudicial do Master e a indisponibilidade dos bens dos controladores e dos ex-administradores da instituição. Com isso, qualquer negociação de compra em andamento é automaticamente interrompida.
O negócio com o grupo Fictor teria a participação de investidores dos Emirados Árabes Unidos e previa um aporte imediato de R$ 3 bilhões para reforçar o caixa do Master, que passa por dificuldades financeiras. A compra ainda precisaria da aprovação do Banco Central do Brasil e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
