Não coma peixe ou carne crua. Nem pense em certos tipos de queijos, como gorgonzola, brie ou camembert. Tenha cuidado com ovos. E nem cogite café ou bebidas alcoólicas: são proibidos.
A possibilidade de adoecer ou pegar um vírus existe e é algo pelo que nenhuma mulher deseja passar na gravidez. Mas, de qualquer forma, há algumas que adotam regras mais flexíveis.
Comer carne e peixe crus
É seguro comer carne e peixe crus? O Serviço Nacional de Saúde britânico (NHS, na sigla em inglês) considera a carne crua arriscada porque representa um risco de contrair toxoplasmose.
Davide Casagrandi, obstetra dos Hospitais da University College London (UCLH), explica que a doença é causada pelo protozoário Toxoplasma gondii e pode ser transmitida para o feto.
Embora o especialista ressalte que “é uma doença muito rara”, ele recomenda cautela. “Quanto mais cozida a carne, melhor”, diz ele.
Quanto ao peixe cru, a história é diferente. O NHS diz que é seguro comer desde que tenha sido previamente congelado.
Mesmo assim, o NHS considera seguro comer peixe cru em pratos como o sushi, porque a maioria é feita com “peixe de cativeiro” que, devido aos métodos de criação, dificilmente contém parasitas.
A economista americana Emily Oster decidiu fazer uma pesquisa intensa quando estava grávida. A autora do livro Expecting Better, sobre mitos e verdades sobre a gestação, explica que há algumas noções sobre dieta que as gestantes devem respeitar.
No caso do peixe cru, Oster afirma que, quando consumido, é “muito raro” contrair uma doença. “Alguns alimentos, como sushi, têm componentes que podem deixar você doente, mas não são especialmente perigosos para o bebê”, diz ela.
Queijos e listeriose
Em geral, há um consenso de que as grávidas devem evitar queijos macios com crosta branca, como brie ou camembert.
Também não é bom consumir outros queijos macios, como o gorgonzola ou o roquefort. Todos eles são seguros apenas se tiverem sido cozidos, explica o NHS.
A razão por trás desta recomendação é a listeriose, uma infecção muito rara, mas que, se adquirida, pode causar danos ao feto. Portanto, recomenda-se consumir apenas queijos “pasteurizados”.
“Se é pasteurizado e segue todos os padrões internacionais, é seguro. Mas há certos queijos artesanais com os quais é recomendável ter mais cuidado, embora não sejam contraindicados”, explica Casagrandi.
“A listeriose é relativamente rara. Há mulheres que procuram o médico convencidas de que têm, mas é muito menos frequente do que se imagina.”
Oster afirma que, de acordo com os resultados de sua pesquisa, é muito raro um queijo conter a bactéria Listeria monocytogenes, que causa a doença.
Cafeína e bebida alcoólica
Normalmente, grávidas pensam que devem abandonar o prazer de tomar café pela manhã, porque a cafeína aumentaria o risco de aborto, uma ideia que Casagrandi e Oster refutam.
“Os indícios sobre o risco de aborto são bastante fracos. Quando você vê estudos comparativos de mulheres que consumiram café, não há realmente nenhuma prova de que elas tinham um risco maior de aborto, a menos que tenham bebido um grande número de doses (ao dia), como dez ou mais”, diz Oster.
Casagrandi afirma que não está provado que quantidades pequenas de cafeína prejudicam a gestação. “Ninguém contraindica uma ou duas xícaras por dia, embora seja recomendável não exagerar.”
Mas o cenário é diferente para as bebidas alcoólicas. “Há um consenso de que você não deve beber ou fumar”, diz o obstetra, sobretudo se for em excesso, porque isso pode ter consequências físicas e mentais para o feto.
Comidas picantes e abacaxi
Segundo a crença popular, há certos alimentos que podem acelerar o processo de nascimento, como comidas picantes ou abacaxi. Também há outras coisas que podem ajudar, como fazer sexo ou estimular os mamilos. Mas isso é verdade?
Segundo Oster, “infelizmente, todas essas coisas são inúteis para acelerar o parto”. “Você pode ingerir comida apimentada, mas isso não ajuda”, diz ela.