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Vem aí um seguro baratinho para o seu carro. Só que você deve aceitar peças usadas no conserto dele

Proposta do Auto Popular é destinada aos proprietários de veículos com mais de cinco anos de uso e que não contam com seguros. (Foto: Reprodução)

A grande aposta das seguradoras para a expansão do segmento automotivo é o início da comercialização, no segundo semestre, do Seguro Auto Popular, uma modalidade em que o cliente paga menos pela apólice – entre 15% e 30% – se abrir mão de consertar seu carro com peças novas genuínas, que possuem o logo da montadora, ou originais, que são as homologadas pelos fabricantes. A expectativa das seguradoras é oferecer o Auto Popular a um universo de proprietários de 20 milhões de veículos com mais de cinco anos de uso e que não contam com seguros. A frota segurada hoje é de aproximadamente 17 milhões de veículos.

Eduardo Dal Ri, presidente da comissão de automóveis da FenSeg (Federação Nacional de Seguros Gerais), avalia que o Auto Popular conquistará o consumidor de forma gradual, chegando a algo próximo a 2 ou 3 milhões de veículos segurados em um horizonte de três a cinco anos. Mas uma estimativa mais precisa sobre preços, público alvo e potencial do mercado ainda depende de uma maior clareza sobre as regras do novo seguro. A Susep (Superintendência de Seguros Privados) já autorizou a comercialização do Auto Popular, mas as regras não agradaram às seguradoras.

João Francisco Borges da Costa, presidente da FenSeg, diz que a principal reivindicação das seguradoras envolve uma mudança na determinação da Susep que estabelece o emprego exclusivo de peças usadas nos consertos dos carros avariados. “Não há disponibilidade de peças usadas suficientes para a demanda”, observa Costa. “Precisaremos empregar também peças novas genéricas certificadas.”

Formalização dos desmanches.
A opção da Susep pelas peças usadas tem como objetivo apoiar as legislações aprovadas nos últimos anos sobre desmanches e destinação de resíduos sólidos. O mercado segurador auxiliaria na formalização e controle da atividade dos desmanches, uma vez que só peças com certificado de origem poderão ser utilizadas, e daria novas perspectivas de uso para as peças descartadas, reduzindo o lixo automotivo.

Itens de segurança, como freios e airbags, não podem ser reutilizados e os desmanches precisam contar com um engenheiro para o controle do processo de qualidade.

A estimativa é que o mercado total de peças de reposição para veículos de passeio e caminhões movimente por volta de 20 bilhões de reais por ano, enquanto o mercado de peças usadas legais e ilegais roda na casa de 2,5 bilhões de reais. “Os desmanches legais podem atender no máximo 10% da demanda das seguradoras”, diz o proprietário de desmanche Arthur Rufino.

Para Rufino, as seguradoras devem ser as responsáveis pela aquisição das peças usadas para não fomentar o mercado ilegal. Esse é outro ponto de divergência da FenSeg com a Susep. O órgão regulador propôs garantir ao consumidor a livre escolha da oficina que fará o reparo, enquanto as seguradoras querem definir as oficinas credenciadas para a tarefa e assim manter o controle do produto adquirido.

A terceira divergência entre FenSeg e Susep envolve o público alvo do novo produto. A Susep liberou o Auto Popular para todos os veículos, enquanto as seguradoras reivindicam que só seja autorizado para aqueles com mais de cinco anos de uso, que é o perfil de quem hoje não tem seguro. (AE)

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