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Venezuela elimina mais seis zeros de sua moeda, o bolívar

Notas valem tão pouco que se tornaram brinquedo de crianças. (Foto: Freepik)

A Venezuela eliminou seis zeros do bolívar, e peso colombiano é usado no país. Com o novo corte, o país acumula mais uma marca histórica negativa: a nação que mais removeu zeros de sua divisa na América Latina. Só neste ano, o bolívar teve desvalorização de 72,54% .

O novo corte soma-se à redução de 14 zeros desde 2008, em três reconversões, diante da grave crise econômica. Três em cada quatro venezuelanos vivem na extrema pobreza, segundo relatório divulgado nesta semana.

A Venezuela passa por uma profunda crise socioeconômica e política desde 2013, quando teve início um processo de queda dos preços do petróleo no mercado internacional.

O país é um dos maiores produtores da commodity no mundo e o único da América Latina a integrar a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), com a economia dependendo diretamente da exportação de petróleo.

Segundo o economista José Manuel Puente, a remoção de zeros da moeda deve se repetir nos próximos meses, em decorrência do rápido processo de desvalorização da divisa.

A banalização do valor do bolívar levou a moeda a ser preterida em algumas regiões da Venezuela, como em Puerto Concha. A localidade, situada ao Noroeste do país e próxima à fronteira com a Colômbia, já usa mais pesos colombianos, moeda do país vizinho, que bolívares.

Notas para baralho

As notas valem tão pouco que se tornaram brinquedo de crianças. Elas a usam para fazer figuras e para jogar baralho.

“Aqui o bolívar é história”, conta o trabalhador agrícola Jonatan Morán, de 32 anos, que mora na região. “Eu nem conheço o novo bolívar que saiu, nem gostaria de saber”.

A preferência pelo peso colombiano, como ocorre em Puerto Concha, se tornou comum em estados fronteiriços. A medida, segundo Puente, representa uma “válvula de escape” diante de uma economia com oito anos de recessão e quatro de hiperinflação.

Em Puerto Concha, por exemplo, entrou para a rotina trocar dólares por pesos, para facilitar as compras no varejo. A dolarização informal, por outro lado, limita o fluxo de cédulas de baixa denominação e complica operações.

“Neste momento, o peso colombiano é melhor para nós que o bolívar, porque o bolívar não nos dá o suficiente”, conta a vendedora de loterias María Martínez, de 38 anos.

Atualmente, o uso do bolívar praticamente se restringe às transações com cartão de débito, diante da grave escassez de cédulas, essenciais para atividades como pesca, pecuária e plantio de banana.

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