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Violência no futebol: torcedor preso por jogar garrafa que matou palmeirense é diretor de escola

A palmeirense Gabriela Anelli Marchiano, de 23 anos, morreu após ser atingida por uma garrafa de vidro durante uma confusão entre torcedores. (Foto: Reprodução)

Preso nessa terça-feira (25), o torcedor do Flamengo apontado pela polícia como sendo o homem que lançou uma garrafa de vidro que atingiu e matou a torcedora do Palmeiras Gabriela Anelli Marchiano, de 23 anos, é servidor concursado da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro, onde atua como diretor e professor de uma escola.

Jonathan Messias Santos da Silva, de 33 anos, tem um filho de 2 anos e estava com um irmão e dois amigos em São Paulo no dia da confusão entre as torcidas do Flamengo e do Palmeiras, segundo a advogada do servidor municipal, Caroline Dias.

De acordo com a defesa, “ele não é ligado a nenhuma torcida organizada”, ao contrário do que disse a polícia paulista. Em nota, a torcida Fla-Manguaça também informou que “o torcedor suspeito não faz parte ou envolvimento” com o grupo.

O professor – que também é diretor-adjunto da Escola Municipal Almirante Saldanha da Gama, no bairro Campo Grande, desde fevereiro de 2022 – foi encontrado pela polícia em casa, no bairro Campo Grande, na Zona Oeste do Rio. Quando policiais chegaram ao local, ele estava dormindo. Segundo a Polícia Civil de São Paulo, o homem foi identificado com auxílio do reconhecimento facial utilizado para acesso ao estádio do Palmeiras.

Gabriela foi atingida por uma garrafa que havia sido arremessada no dia 8 de julho, durante uma confusão entre flamenguistas e palmeirenses, e morreu dois dias depois.

Segundo Ivalda Aleixo, delegada-chefe do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), o professor é o homem de barba e camiseta cinza que aparece em um vídeo lançando o objeto pelo espaço entre os tapumes que separavam as duas torcidas durante a briga.

A polícia excluiu a possibilidade de um torcedor do Palmeiras ter atirado o objeto que feriu Gabriela no pescoço. A perícia utilizou a sincronização do som para apontar de onde partiu a garrafa e em qual momento acertou a vítima.

A garrafa teria estilhaçado ao bater em um tapume de ferro, e seus estilhaços atingiram a palmeirense.

A jovem apresentava um corte de 3 centímetros no pescoço, segundo a polícia. Ainda de acordo com os investigadores, a reconstituição virtual realizada com imagens obtidas nos momentos que antecederam a morte de Gabriela indica que apenas o flamenguista atirou garrafas naquela direção.

Com essa conclusão, os agentes seguiram o trajeto feito por ele até ele entrar no estádio.

Segundo a Polícia Civil, imagens mostram que o homem chegou a trocar de blusa. Ele usava uma na cor cinza ao atirar a garrafa, de acordo com a polícia, mas ao entrar no estádio vestia uma do flamengo.

A polícia, no entanto, não acredita que a troca tenha sido para se livrar do crime. A investigação então analisou diversas imagens do Allianz Parque até identificar e chegar ao professor.

Jonathan não reagiu à prisão e permaneceu calado entre sua casa e a sede da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), na Barra da Tijuca. Lá, o professor também não quis prestar declarações.

Em seguida, ele foi levado para a Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, para a audiência de custódia.

A Justiça do Rio de Janeiro manteve a prisão temporária decretada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo contra o professor. Na audiência de custódia, o juiz Rafael de Almeida Resende manteve a prisão temporária do professor. “Atentaria contra lógica do razoável o fato de o juiz natural, reconhecendo o perigo da liberdade do sujeito da medida, decretar sua prisão temporária ou preventiva, e o juiz da Central de Audiência de Custódia revogar a decisão. Não se afigura razoável que uma autoridade judiciária que desconhece por completo o procedimento venha a modificar a decisão do juiz que o conhece”, diz o juiz na decisão.

Em nota, a Secretaria Municipal de Educação do Rio diz que “repudia o crime e informa que o acusado está preso e afastado de suas funções”. As informações são do portal de notícias G1 e da Agência Brasil.

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