Retomar a rotina é um dos principais desafios para quem sofreu um trauma. Mas, enquanto o trabalho pode ser um bom remédio, o descanso e o afastamento não devem ser opções descartadas.
No caso de Ana Hickmann, vítima de um atentado em 21 de maio, voltar ao programa “Hoje em Dia” na manhã da última terça-feira foi uma decisão sábia, segundo especialista. “O ritmo de trabalho dela sempre foi intenso. Colocar foco em outras atividades faz com que ela se afaste daquela situação que produziu um estresse muito grande”, explica o psicólogo e professor Antônio Carlos Pereira.
Mesmo em
Enterrar a história e não tocar mais no assunto podem ser boas saídas para a ex-modelo. “Ela está mostrando que a vida continua, mas as pessoas ficam alimentando isso o tempo todo”, diz ele. “Em um País onde se tem o hábito de falar só de problemas, é normal que isso aconteça, mas quem viveu aquela situação não precisa ficar ouvindo isso o tempo todo”, defende Pereira.
Ninguém está imune a viver situações traumáticas, e, segundo o especialista, lembrar-se disso é o primeiro passo para entender a importância de um tratamento. “Traumas de pessoas que têm destaque na mídia assumem uma dimensão maior, mas todos os dias pessoas sofrem abalos. Já temos uma área da psicologia que está estudando catástrofes. Isso mostra que o acompanhamento médico é essencial, assim como para as famílias que moravam em Mariana (MG) ou as que estavam em Paris (França) durante o atentado, no ano passado”, explica.
Terapia.
Duas semanas já se passaram desde que Ana ficou sob a mira de um revólver em Belo Horizonte (MG). O atentado sofrido por ela, resultado da obsessão de um fã e que culminou na morte dele, no entanto, fez com que a apresentadora recorresse à terapia pela primeira vez na vida. “Nunca fiz terapia, mas pedi ajuda a um psicólogo amigo. Não só para mim, mas para toda a família. Está sendo difícil para todos nós. Ele diz que é para eu falar a respeito, por para fora, chorar se tiver vontade. Até essa sensação de medo passar. O barulho da porta batendo, por exemplo, ainda me assusta bastante”, relata.
Ana contou ainda que após uma semana recolhida, decidiu sair de casa e retomar a rotina. “Às 6 da manhã, quando meu filho chama ‘mamãe’ me dá coragem de levantar, começar o dia e tocar a vida. Neste momento, tenho certeza que não quero ficar na cama.”