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Em uma semana, Guaíba recebeu quase metade do volume de água do reservatório da usina de Itaipu

Em uma primeira etapa, os trabalhos serão realizados nos 20 bairros mais atingidos pela cheia (Foto: Giulian Serafim/PMPA)

As fortes chuvas que castigam o território gaúcho levaram 14,2 trilhões de litros de água para o Guaíba, em Porto Alegre, entre os dias 1º e 7 deste mês, segundo o IPH (Instituto de Pesquisas Hidráulicas) da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), causando o transbordamento do lago.

O volume equivale a quase metade do reservatório da usina de Itaipu, segunda maior hidrelétrica geradora de energia do mundo, que tem 29 trilhões de litros de água e praticamente o triplo do tamanho do Guaíba (1.350 km² ante 496 km²).

“A comparação com Itaipu dá ideia da dimensão do evento [climático]. Mesmo excepcional, essas chuvas de abril/maio alteram o entendimento do comportamento da bacia do Guaíba em anos de El Niño forte”, afirmou o pesquisador do IPH Fernando Dornelles.

Em tempos normais, os 14,2 trilhões de litros levariam 18 semanas para passar pelo Guaíba. A velocidade com que a água corre pelo lago – a chamada vazão – disparou. O que era 1,3 milhão de litros por segundo chegou perto dos 30 milhões de litros por segundo.

Esse dilúvio em curto período fez o Guaíba, que tem, em média, 2 metros de profundidade, saltar para o nível de 5,2 metros – superando o recorde histórico registrado na cheia que alagou Porto Alegre em 1941.

De onde veio essa água toda?

O Guaíba é o destino dos rios Gravataí, dos Sinos, Jacuí, Taquari, Caí e Vacacaí (esses dois últimos desaguam no Taquari). A chuva que caiu sobre esses rios viaja pelas bacias e deságua no lago porto-alegrense, que depois leva o volume até a Lagoa dos Patos, que encaminha o excedente para o oceano.

O Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) aferiu a queda de 12,7 trilhões de litros de água oriundos das chuvas sobre os rios citados entre 28 de abril e 6 de maio. O cálculo foi feito com base em um sistema que une monitoramentos de pluviômetros, radares e satélites meteorológicos do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais.

“A quantidade de água que o lago recebeu nesses dias, para se ter uma ideia, é como se tivesse caído em três dias o que ele recebe em um mês inteiro. A inundação em Porto Alegre e Canoas é consequência de toda esta água”, declarou o pesquisador Laercio Namikawa.

Os 12,7 trilhões de litros representam um volume inferior, mas próximo dos 14,2 trilhões que o IPH da UFRGS calculou ter chegado ao Guaíba entre 1º e 7 de maio, quando ocorreram os maiores impactos em Porto Alegre.

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