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“Voto pronto e enviado para você”; Polícia Federal suspeita que lobista controlava ações no Superior Tribunal de Justiça

Segundo relatório da PF, mensagem pode indicar o “controle paralelo das atividades jurisdicionais” na Corte. (Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil)

A Polícia Federal (PF) encontrou no celular do lobista Andreson de Oliveira Gonçalves – emblemático personagem do suposto mercado de venda de sentenças que se teria instalado em tribunais estaduais e no Superior Tribunal de Justiça –, uma lista de processos ligados ao gabinete da ministra Isabel Gallotti, segundo análise preliminar da investigação.

No cardápio do lobista, consta a expressão “voto pronto e enviado para você”, o que, segundo relatório da PF no âmbito da Operação Sisamnes, pode indicar o “controle paralelo das atividades jurisdicionais” na Corte.

A ministra não é alvo das investigações. Por sua assessoria no STJ, Gallotti afirma que ‘desconhece o conteúdo da investigação, porque tramita em sigilo, e que seu gabinete está à disposição para auxiliar, no que seja necessário, a fim de que sejam cabalmente apurados os fatos ocorridos e responsabilizados todos os envolvidos’.

A lista de processos apreendida com Andreson indica, segundo a PF, um esquema que operava de “dentro para fora” dos tribunais.

Servidores e assessores de gabinetes supostamente se aproximavam de advogados e lobistas para oferecer decisões favoráveis, num sistema que, nas palavras dos investigadores, “transformava o resultado processual em objeto de leilão”.

“Fontes ouvidas revelaram que operadores vinculados ao gabinete receberam listagens de processos em tramitação, a partir das quais passavam a procurar advogados ou partes interessadas, oferecendo a eles a possibilidade de aquisição do resultado jurisdicional”, crava o relatório, subscrito pelo delegado Marco Bontempo.

Mensagens trocadas no dia 7 de fevereiro de 2020 revelam ainda novas interações entre os lobistas Andreson de Oliveira e Roberto Zampieri, advogado assassinado em dezembro de 2023 à porta de seu escritório em Cuiabá por um pistoleiro de aluguel.

Segundo a PF, Andreson informava Zampieri sobre o andamento de um processo identificado como “os ED da Cátia”, que tramitava no gabinete da ministra Gallotti.

Andreson escreveu no WhatsApp para Zampieri que o caso estava “concluso” e que “deveria sair na semana que vem”. Minutos depois, enviou outra mensagem dizendo que a decisão tinha “acabado de sair”, o que indica, na avaliação dos federais, possível “acompanhamento direto da tramitação interna do gabinete” de Gallotti. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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