Há mais de 3 bilhões de anos, a superfície de Marte deslizou sobre seu núcleo, mudando rios e calotas polares de lugar, de acordo com um estudo publicado pela revista Nature. Geomorfólogos, geofísicos e climatologistas participaram da pesquisa.
“Se tivesse acontecido essa mudança na Terra, Paris [França] ficaria no círculo Polar”, explicou Sylvain Bouley, especialista em relevo dos planetas e autor do informe. “Veríamos auroras boreais na França e faríamos vinho no norte da África”, acrescentou.
O responsável por esta importante mudança de 20 a 25 graus é o cone vulcânico de Tharsis, um gigante mais de dez mil vezes maior que o maior vulcão da Terra (e isso porque Marte é oito vezes menos volumoso que nosso planeta). De acordo com o estudo, por sua massa fora do comum, o vulcão provocou a rotação das camadas superficiais de Marte – sua crosta e seu manto – em torno do núcleo.
“Foi um fenômeno que durou dezenas de milhões de anos”, destaca o pesquisador. Segundo os especialistas, a conclusão oferece uma resposta única a alguns mistérios do planeta vermelho. “Não conseguíamos entender por que os rios estão onde estão atualmente”, disse Sylvain Bouley. “Dão a impressão de estar distribuídos de maneira aleatória, mas se a superfície é empurrada, ficam todos na mesma banda tropical.”
Os cientistas se interrogavam sobre a posição de alguns reservatórios subterrâneos de gelo que se situam longe dos polos do planeta. A existência do gigantesco vulcão parece ter apontado uma resposta.