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Wikileaks vaza documento em que Merkel admite que dívida grega é impagável

Merkel em coletiva de imprensa sobre crise grega. (Foto: Krisztian Bocsi/Bloomberg)

Quatro anos antes da Grécia dar um calote na dívida grega, a chanceler alemã Angela Merkel disse a um assessor pessoal que sem a ajuda da Alemanha e de outras nações europeias, a dívida do país seria impagável. A revelação consta em um relatório da NSA, órgão de espionagem americano que grampeou as comunicações da mandatária, e que foi divulgado pelo site Wikileaks.

Na avaliação de Merkel, mesmo com um alívio na dívida a ser paga, o país dificilmente seria capaz de lidar com o restante. “Além disso, ela duvidava que mandar mais especialistas em finanças para a Grécia fosse ajudar a colocar o sistema financeiro sob controle”, diz o documento vazado. As comunicações se deram 11 de outubro de 2011, meses antes de um segundo pacote de resgate grego se concretizar, em março de 2012.

O documento expõe também as divergências entre os membros do grupo de trabalho responsável pela gestão da crise grega. A chanceler enfrentava resistências até mesmo dentro de seu gabinete. O ministro de Finanças alemão, Wolfgang Schnaeuble, se opunha fortemente contra um novo alívio na dívida, apesar de esforços de Merkel em tentar controlá-lo. “Enquanto isso, a França e o presidente do Comitê Europeu, José Manuel Barroso, eram vistos como sendo a favor de uma abordagem mais suave. O presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet, era frontalmente contra, enquanto a diretora-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), Christine Lagarde, foi descrita como estando ainda indecisa a respeito do assunto.”

A conversa foi classificada pela NSA como de mais alto segredo, o que indicava que se tratava de material sensível. Ela, no entanto, foi liberado para ser dividido entre os países-membros de uma aliança: Inglaterra, Canadá, Austrália e Nova Zelândia, informou o Wikileaks. (AG)

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