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O caso de José de Abreu

Ator José de Abreu (Foto: Divulgação)

Voltar atrás é sinal de grandeza e não de fraqueza. O Senado tem a partir de hoje quando serão eleitos os titulares e suplentes da comissão especial que definirá o impeachment  de Dilma Roussef, a oportunidade de por um fim a essa aventura criminosa perpetrada pelo parlamento contra o estado democrático de direito. Assim como vários outros veículos da imprensa internacional, como The Guardian, El País, CNN e Der Spiegel, o NYT, maior jornal do mundo, também acusou e condenou o golpe parlamentar liderado por Eduardo Cunha & Cia, que transformou o Brasil numa republiqueta.

Ontem o ombudsman Franck Nouchi do Le Monde destacou a omissão de seu jornal de não informar que os apoiadores do impeachment são em grande parte acusados de corrupção. O veículo de comunicação também reconhece que não abordou a parcialidade dos meios de comunicação do Brasil em torno do caso.

Artigo no jornal britânico The Guardian provocou forte reação das Organizações Globo. “O que muitos fora do Brasil não viram foi que a mídia plutocrática do país gastou meses incitando esses protestos (enquanto pretendia apenas “cobri-los”). A elite do país e seus grupos midiáticos fracassaram várias vezes, em seus esforços para derrotar o partido (PT) nas urnas. Mas plutocratas não são conhecidos por aceitarem a derrota de forma gentil, ou por jogarem de acordo com as regras.

O que foram incapazes de conseguir democraticamente, eles agora estão tentando alcançar de maneira antidemocrática: agrupando uma mistura bizarra de políticos – evangélicos extremistas apoiadores da extrema direita que defendem a volta do regime militar, figuras dos bastidores sem ideologia alguma – para simplesmente derrubarem ela do cargo”. Por meio de seu vice-presidente, João Roberto Marinho, o grupo Globo insistiu para que tivesse um direito de resposta ao texto. No que foi considerada como humilhação a Globo conseguiu apenas colocar seu texto junto com a opinião dos leitores.

Ainda em busca de conter o desgaste ontem no Faustão o ator José Abreu, comentou que não conseguiu raciocinar após ser chamado de “ladrão” e de ouvir insultos à esposa. “Durante o jantar, ficaram xingando minha mulher de vagabunda, falaram que eu era um filho da p…”, enfatizou. O veterano artista, conhecido pelas fortes convicções políticas, acabou cuspindo nos agressores e disse não se arrepender do ato. Ele aproveitou o espaço para saudar a presidente Dilma Rousseff e disse estarmos vivendo uma situação de “golpe” ao Estado democrático de direito. Zé Abreu foi usado para demonstrar o espirito democrático e plural da Globo.

O Juiz Baltasar Garzón, que prendeu o ditador chileno Augusto Pinochet e se tornou tão conhecido na Europa como Sergio Moro no Brasil, demonstra em artigo, publicado ontem no El País, indignação com o que está acontecendo com a democracia brasileira. Segundo Garzón, “a luta contra a corrupção é vital e deve ser prioritária em qualquer democracia, mas é preciso estar atento aos interesses daqueles que pretendem se beneficiar da ‘cegueira’ que supõe a luta em si mesma”; o jurista diz ainda ser “capaz de perceber o espetáculo oferecido pelo procedimento de juízo político que está em curso contra a Presidenta Dilma Rousseff e que guarda semelhanças com outros que foram vivenciados por países como Paraguai e Honduras”.

É lamentável de que além de ideologia um acordão já tenha sido montado pela oposição para além do golpe contra uma presidenta eleita democraticamente também fique garantido o fim das investigações Lava Jato e Zelotes, para livrar de A a Z os acusados de corrupção e outros quetais. Mas, que fique claro, se o Senado quiser poderá reverter esse processo aparentemente legal, porém, definitivamente imoral e criminoso.

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