Sexta-feira, 26 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 6 de agosto de 2018
Onze crianças foram resgatadas pela polícia do Estado do Novo México, nos Estados Unidos, em um barraco no meio do deserto. As crianças, com idade entre 1 e 15 anos, estavam desnutridas e submetidas a condições precárias de vida.
Segundo as informações do chefe da polícia do condado de Taos, Jerry Hogrefe, o grupo foi encontrado na última sexta-feira (3). Na ocasião, eles estavam vestidos com roupas sujas e não usavam sapatos. “Pareciam refugiadas do Terceiro Mundo”. No local, cinco adultos, incluindo dois homens fortemente armados, foram detidos.
Pedido de socorro
As buscas iniciaram quando a polícia recebeu uma mensagem em que dizia “estamos famintos e precisamos de comida e água”. Não há informações sobre como e por que as crianças foram parar na área, localizada nas proximidades da comunidade de Amalia, no Novo México.
A descrição do local feita pela polícia afirma que trata-se de um trailer semienterrado coberto de plástico, sem água corrente ou eletricidade. Ainda de acordo com o chefe de polícia, as crianças estavam com fome, com sede e imundas. “Sou policial há 30 anos e nunca vi nada assim. É inacreditável”, disse ele.
“As crianças estavam tão magras que dava pra ver as costelas. Estavam com a higiene precária e muito assustadas” complementou Jerry. A polícia afirmou que não havia água limpa no local e a única comida disponível eram algumas batatas e uma caixa de arroz.
Os dois homens armados, Siraj Wahhaj e Lucan Morton, foram presos no local e devem responder por várias acusações de abuso infantil. Os outros três adultos tratam-se de mulheres, que podem ser as mães das 11 crianças encontradas, foram detidas para interrogatório e liberadas posteriormente. As crianças foram levadas para atendimento médico e serão colocadas sob a guarda de serviços sociais locais.
Trabalho forçado
Seja comportado. Não sente no chão. Não compartilhe sua comida. Não use apelidos. E é melhor não chorar. Se você chorar, isso pode prejudicar seu processo. As luzes são apagadas às 21h e acesas ao amanhecer, e depois disso você tem que arrumar sua cama seguindo as instruções passo a passo fixadas à parede. Lave o banheiro e passe pano no chão, escove as pias e privadas. Depois disso é hora de formar uma fila para o café da manhã.
“A gente tinha que fazer fila para tudo”, recordou Leticia, uma garota da Guatemala. Pequena, magra e com cabelos pretos compridos, Leticia foi separada de sua mãe depois de elas terem atravessado a fronteira ilegalmente no final de maio. Ela foi enviada a um abrigo no sul do Texas, um dos mais de cem centros de detenção encomendados pelo governo para abrigar crianças migrantes, espalhados pelo país e que são um misto de escola interna, creche e presídio de segurança média. Esses centros são reservados para pessoas como Leticia, 12 anos, e seu irmão Walter, 10.
A lista de proibições do centro incluiu a seguinte: não toque em outra criança, mesmo que essa criança seja seu irmãozinho ou irmãzinha. Leticia queria dar um abraço em seu irmão menor, para deixá-lo mais tranquilo. Mas, recordou, “me disseram que eu não podia encostar nele”.