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Por Redação O Sul | 27 de abril de 2019
A Renault quer propor uma fusão com a Nissan, colocando oficialmente na mesa de negociações um plano que enraiveceu a parceira japonesa, inflamou tensões e contribuiu para as ações contra Carlos Ghosn.
A montadora francesa solicitou recentemente que executivos de um banco que a assessora apresentassem à Nissan um plano para a criação de uma holding que combinaria as duas parceiras, de acordo com pessoas informadas sobre o assunto.
A nova companhia seria dividida em base mais ou menos igualitária entre os acionistas da Nissan e os acionistas da Renault, e o conselho também seria formado em base igualitária.
É a retomada, em forma nova, de uma ideia discutida no ano passado, quando Ghosn ainda era presidente dos conselhos de ambas as montadoras. Na época, a ideia causou reação negativa de um grupo de executivos da Nissan, que contatou sigilosamente a Procuradoria de Justiça japonesa com acusações sobre delitos financeiros por parte do líder da Renault e Nissan.
A empresa francesa acredita que o desempenho fraco da Nissan, recentemente, torna mais urgente uma reformulação na aliança.
A Nissan é uma empresa muito maior, mas sua participação de 15% na Renault é apequenada pelos 43,4% de ações que a montadora francesa detém no grupo japonês.
Carlos Ghosn
O ex-presidente da Renault-Nissan Carlos Ghson saiu na quinta-feira (25), após o pagamento de fiança, da prisão no centro de Tóquio onde estava detido desde 4 de abril, acusado de fraude.
O ex-executivo saiu do local às 22h20min (10h20min, no horário de Brasília), cercado de guardas, diante das câmeras da imprensa, e seguiu para um carro.
O Tribunal de Tóquio havia anunciado a aprovação da liberdade mediante fiança de 500 milhões de ienes (R$ 18 milhões).
Os advogados de Ghosn destacaram um problema médico. “Ele sofre de insuficiência renal crônica e detalhamos esta informação em nosso pedido”, explicou seu principal advogado, Junichiro Hironaka, no início desta semana.
Ao sair da prisão, Ghosn está sujeito a condições estritas: “prisão domiciliar, proibição de deixar o Japão e outras condições para evitar a destruição de provas e a fuga”, segundo o tribunal.
Ele também só poderá ver sua esposa “se o tribunal aprovar uma solicitação” a esse respeito, explicou Hironaka à imprensa.
Ghosn está na mira da acusação por seu suposto papel em um dos elementos do caso e por ter contatado os protagonistas do caso.
Durante a sua libertação anterior, Carlos Ghosn foi autorizado a ver sua família em um apartamento alugado em Tóquio, do qual não poderia se ausentar por mais de três dias. Ele vai voltar para a mesma casa, segundo seu advogado.
Após sua segunda detenção em sua casa em Tóquio, apenas um mês depois de deixar a prisão, Ghosn, de 65 anos, que tem tripla cidadania francesa, libanesa e brasileira, foi interrogado sobre as transferências de dinheiro entre a Nissan e um distribuidor de veículos da marca em Omã.