Sexta-feira, 26 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 11 de junho de 2018
O País retomou a trajetória de crescimento e mantém a inflação sob controle após os 11 dias de paralisação dos caminhoneiros no fim de maio, mas o governo pode reduzir sua projeção oficial de expansão do PIB (Produto Interno Bruto) ao revisar os parâmetros do Orçamento, admitiu o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, nesta segunda-feira (11). As informações são da agência de notícias Reuters.
“A gente revê a previsão (de crescimento) a cada dois meses quando divulga a programação orçamentária e financeira”, disse o ministro. Indagado especificamente se a revisão poderia ser para baixo, Guardia disse: “pode”.
A revisão dos chamados parâmetros orçamentários inclui previsão de crescimento da economia, variação da inflação, coleta de impostos entre outros dados, explicou o ministro.
“O processo de revisão é contínuo, a cada dois meses temos uma grade de parâmetros atualizada e levamos em consideração as informações disponíveis”, disse Guardia.
No fim do mês passado, o governo reconheceu que o comportamento da economia estava aquém do que se esperava no início do ano e baixou de 3% para 2,5% a projeção para o crescimento deste ano.
A economia brasileira acelerou avançando 0,4% no primeiro trimestre sobre os três meses anteriores, em linha com estimativas do mercado. Mas o ritmo perdeu força e não se repetirá nos próximos trimestres, segundo o ministro do Planejamento, Esteves Colnago.
Na avaliação de economistas do mercado consultados pelo Banco Central todas as semanas no boletim Focus, a expansão da economia será inferior a 2% neste ano.
“A economia está crescendo há cinco trimestres consecutivos” e retomou sua trajetória de expansão após a paralisação dos caminhoneiros, que causou desabastecimentos e perdas econômicas, segundo o ministro.
O desempenho do segundo trimestre se tornou mais difícil de prever após os 11 dias de paralisação dos caminhoneiros, que causou desabastecimento para a indústria e de produtos básicos para o consumidor, além de gerar perdas estimadas de mais de 5 bilhões de reais na agropecuária.
A questão foi solucionada com medidas com custo de 13,5 bilhões de reais, levantando ainda dúvidas sobre a sustentabilidade das contas do governo.
“Não há dúvida de que a greve teve prejuízos, a greve paralisou o País durante 10 dias, tivemos desabastecimento, afetou diversos setores da economia, inclusive a atividade dos próprios caminhoneiros”, disse Guardia.
“O que a gente tem que discutir agora é qual é o impacto disso e eu vi muitos números que me parecem excessivos.”
Inflação e meta
Falando a jornalistas em São Paulo, o ministro disse que é “descabido” fazer comentários sobre mudanças na meta de inflação antes da reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), prevista para a última semana do mês.
Composto por Guardia, o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, e o ministro do Planejamento, Esteves Colnago, o CMN decidirá a meta de inflação de 2021 na reunião deste mês.
Segundo Guardia, a alta de preços influenciada pela falta de produtos que não chegaram ao consumidor pela paralisação nas estradas tende a não contaminar a economia por muito tempo.
“No momento da greve você teve desabastecimento e preços subiram, refletindo a falta da disponibilidade desses bens. Na medida que a economia volta a funcionar, os preços voltam à sua normalidade”, afirmou.