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Mundo Após ser duramente criticado, o papa mandou investigar os abusos sexuais no Chile

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O papa é acompanhado pela presidente do Chile, Michelle Bachelet, em sua visita ao país. (Foto: Governo do Chile)

Após ser duramente criticado por defender um bispo acusado de acobertar crimes sexuais na Igreja Católica chilena, o papa Francisco decidiu enviar ao país sul-americano um dos mais respeitados especialistas do Vaticano para investigar o caso. Segundo a Santa Sé, o arcebispo Charles Scicluna viajará ao Chile para “ouvir aqueles que manifestaram a vontade de informar os elementos que possuem” sobre o bispo Juan Barros.

A polêmica envolvendo Barros dominou a recente visita que o Pontífice fez ao Chile e ao Peru. Segundo relatos de vítimas de abuso às autoridades chilenas, Barros protegeu o reverendo Fernando Karadima, condenado em 2011 por abusos sexuais de menores. O bispo e outros sacerdotes teriam visto Karadima beijando crianças e sabiam de seus crimes, mas nada fizeram.

Após a condenação de Karadima por um tribunal eclesiástico, a Igreja Católica chilena tentou conter o escândalo persuadindo o Vaticano a suspender Barros e outros dois bispos que trabalharam por Karadima. Contudo, Francisco interveio e vetou o plano, argumentando que não havia provas contra os três. O papa rejeitou os argumentos da cúpula da igreja chilena e, em janeiro de 2015, nomeou Barros para a diocese de Osorno. A nomeação foi alvo de protestos, tanto de sacerdotes como de fiéis.

Durante a recente visita ao Chile, o tema voltou à pauta. Questionado por jornalistas, Francisco afirmou que Barros estava sendo alvo de difamação e exigiu “provas”. O comentário foi rechaçado publicamente por um de seus principais assessores, o cardeal Sean O’Malley. Em seguida, o papa pediu desculpas por exigir provas das vítimas, mas insistiu que as acusações contra o bispo eram caluniosas.

“Estou convencido de que é inocente”, disse Francisco, no dia 21 de janeiro, quando regressava do Peru ao Vaticano. Após essas declarações, Juan Carlos Cruz, uma das vítimas de Karadima, criticou o Santo Padre dizendo ser impossível apresentar as “provas” exigidas.

“Como se alguém pudesse tirar um selfie ou uma foto enquanto Karadima abusava a mim e a outros, com Juan Barros parado ao lado assistindo a tudo”, afirmou Cruz, pelo Twitter.

Mas aparentemente, Francisco não estava ciente dos testemunhos dados pelas vítimas de Karadima. A viagem de Scicluna ao Chile é exatamente para este fim, conhecer os relatos das vítimas sobre a participação de Barros no encobrimento dos abusos. Segundo o porta-voz do Vaticano, Greg Burke, o arcebispo Scicluna viajará para Santiago “o mais rápido possível”, mas destacou que o assunto requer preparação e estudo.

Após o anúncio do envio de Scicluna ao Chile, o bispo Juan Barros afirmou em comunicado receber a decisão do papa com “fé e alegria” e disse estar rezando para que a investigação contribua para o esclarecimento da verdade. Ele nega ter presenciado ou tomado conhecimento dos crimes cometidos por Karadima.

Aconselhados por advogados, as vítimas de Karadima não fizeram declarações sobre a decisão de Francisco. Um grupo de fiéis de Osorno, que protesta há três anos contra a nomeação de Barros, se dispôs a conversar com Scicluna, mas expressou dúvidas sobre sua independência.

“Esperamos que o papa tenha reagido pelo sentimento dos fiéis, mais do que pela pressão da imprensa, mas o fez”, afirmou Juan Carlos Claret, porta-voz do grupo, em comunicado.

Atualmente, Scicluna é o arcebispo de La Valeta, em Malta, e titular de um tribunal de apelações sobre abusos sexuais no Vaticano, mas por muito tempo foi o investigador principal para casos de crimes sexuais na Congregação da Doutrina da Fé. Foi ele o responsável por levar à Justiça o mexicano Marcial Maciel. Por esse motivo, Scicluna se tornou uma espécie de heróis das vítimas de abuso, pela dureza como tratou Maciel e seus defensores.

Para Andrew Chesnut, diretor de estudos sobre religião na Universidade Virginia Commonwealth, a decisão de Francisco de enviar o investigador é uma tentativa de “reparar o dano sofrido durante a turnê pelo Chile”. Barros já ofereceu sua renúncia duas vezes, mas os pedidos foram rejeitados pelo papa.

“O Vaticano já havia tentado negociar a renúncia de Barros, assim é provável que ele renuncie no curto prazo”, afirmou Chesnut, à agência de notícias Associated Press.

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