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Mundo As eleições mexicanas são tomadas por notícias falsas no WhatsApp e ilustram o que pode ocorrer no Brasil

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Mexicanos receberam mensagens por WhatsApp dizendo que a seleção do país jogaria no dia das eleições para evitar comparecimento às urnas. (Foto: Reprodução)

O México vai eleger seu próximo presidente neste domingo (1º). Pelo WhatsApp, um “aviso urgente” se espalha entre os mexicanos: “Amigos, é necessário que a população leve sua caneta para votar, já que os lápis que são fornecidos podem ser apagados. Isso é verdade. Meu diretor será presidente de uma seção de votação e testou os lápis. Por favor, compartilhem…”. As informações são da BBC.

Também por WhatsApp, os mexicanos recebem outra informação urgente: o Instituto Nacional Eleitoral do México teria pago propina para a entidade máxima do futebol para que a seleção do país jogasse no Mundial no mesmo dia das eleições, o que diminuiria o comparecimento às urnas.

As duas mensagens são falsas. Primeiro, o México não vai jogar neste domingo de eleições, mas sim no dia seguinte, contra o Brasil. Com relação aos lápis, eles existem de fato, já que o voto é em cadernetas de papel. Mas são produzidos com uma tecnologia diferente e sua marca não pode ser removida. Em todo caso, quem ficar desconfiado pode levar sua própria caneta.

Essa é apenas uma pequena parte da teia de mentiras sobre as eleições mexicanas, que estão se difundindo pela internet, principalmente pelo WhatsApp e pelo Facebook. São supostas denúncias em primeira mão, declarações fajutas, difamações de candidatos ou notícias que a imprensa estaria escondendo do público. Em geral, partem de um elemento que parece verdadeiro – como a Copa e os lápis eleitorais.

“As eleições no México sempre foram conhecidas por serem negativas e com muita notícia falsa. A diferença é que agora o WhatsApp permite que as fake news (notícias falsas, em inglês) tenham uma distribuição mais rápida e escalada”, diz o brasileiro Maurício Moura, fundador da Ideia Big Data, empresa que faz pesquisas de opinião e que está trabalhando em uma campanha política estadual no México.

O cenário mexicano é um alerta para o Brasil, que vai votar para presidente três meses depois do vizinho latino-americano, em 7 de outubro. Nos dois países, o comportamento digital da população é extremamente parecido. Tanto no Brasil quanto no México, o WhatsApp é o aplicativo com maior alcance, segundo a pesquisa Futuro Digital Global 2018. Cerca de 60% da população dos dois países usa o app de conversas. De cada 7 minutos que brasileiros e mexicanos passam na internet, 1 deles é no WhatsApp.

Já nos Estados Unidos e no Canadá, o Facebook é o app mais importante; na França e na Alemanha, o Google Play. “A diferença da América Latina em relação aos Estados Unidos e Europa é o WhatsApp. Lá, o app não é relevante para a desinformação. Aqui, sim”, afirma Tania Montalvo, editora-executiva do Animal Político, um dos sites de jornalismo político mais lidos do México. “É claro que as pessoas também compartilham fake news no Facebook e no Twitter. Mas no WhatsApp as mensagens são mais violentas e as mentiras maiores”, completa Montalvo.

“O debate político no WhatsApp é um fenômeno muito latino-americano. Os países desenvolvidos, como os Estados Unidos, usam pouco o app. Já no Brasil e no México, o conteúdo político é muito compartilhado na plataforma, principalmente nos grupos”, explica Moura. Foi o que ocorreu no Brasil em maio, quando a greve dos caminhoneiros parou o país por 10 dias. O protesto foi mobilizado pelo WhatsApp. “Assim como no México, acredito que o Brasil vai passar pelas eleições com uma maré de fake news no WhatsApp muito forte”, avalia o brasileiro, que também pesquisa o uso de redes sociais nas eleições na Universidade George Washington, nos Estados Unidos.

Grande parte das mentiras espalhadas nas eleições mexicanas são direcionadas ao candidato que está em primeiro lugar nas pesquisas de opinião: Andrés Manuel López Obrador, do Movimiento de Regeneración Nacional (Morena), ex-prefeito da Cidade do México, de esquerda. Conhecido no país pelas suas iniciais, AMLO, ele já foi filiado ao Partido Revolucionário Institucional (PRI), grupo político que governou o México por décadas e do qual faz parte o atual presidente Enrique Peña Nieto.

Hoje, López Obrador é oponente do PRI, que tem um candidato próprio – o ex-ministro José Antonio Meade, em terceiro lugar nas pesquisas. Porém, um dos vídeos falsos que circula no México diz que López Obrador seria o verdadeiro candidato do PRI: “Não dê seu voto para o PRI. Não vote por AMLO”. É uma mensagem que favorece o segundo colocado nas pesquisas, o candidato Ricardo Anaya, do conservador Partido de Ação Nacional (PAN).

Outra notícia falsa relacionada a López Obrador é um suposto vídeo em que o Papa Francisco teria dito que “as ideologias de AMLO são ditaduras que não servem”. O vídeo mentiroso foi visto no Facebook mais de 2,5 milhões de vezes.

As notícias falsas ganharam destaque em 2016, durante as eleições americanas que elegeram Donald Trump. Na época, o Facebook foi inundado por informações mentirosas. Segundo análise do BuzzFeed News feita na rede social, as 20 maiores notícias falsas tiveram mais alcance que as 20 maiores notícias verdadeiras.

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