Sexta-feira, 26 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 27 de maio de 2017
Cientistas descobriram uma receita que permite produzir, em laboratório, células precursoras de todos os componentes do sangue, usando células humanas adultas. O processo ainda é ineficiente e precisa de ajustes, mas abre a possibilidade de ajudar pessoas que têm doenças sanguíneas e não encontram doadores de medula óssea.
A pesquisa foi publicada na revista Nature, pela equipe de George Daley, do Hospital Pediátrico de Boston e da Universidade Harvard, nos Estados Unidos. Entre os autores está também o biólogo computacional brasileiro Edroaldo da Rocha.
“É a primeira vez que alguém achou a receita inteira e produziu células-tronco sanguíneas”, declarou Mick Bhatia, da Universidade McMaster, do Canadá, que não participou do estudo.
O termo para designar essas precursoras é “células-tronco hematopoiéticas” . Em adultos, elas ficam na medula óssea e dão origem a uma grande diversidade de tipos celulares, das plaquetas que coagulam o sangue após um ferimento às hemácias que carregam oxigênio corpo afora, além de células de defesa.
No estudo, a equipe usou células-tronco embrionárias e as chamadas células iPS, que são obtidas de adultos mas sofrem uma reprogramação que as reconduz a um estado muito similar ao embrionário. Ambos os tipos foram transformados no equivalente de um tecido embrionário que, mais tarde, dá origem às células hematopoiéticas.
As possíveis aplicações são muitas. Uma pessoa com uma doença do sangue de origem genética, por exemplo, poderia receber células-tronco hematopoiéticas derivadas de seu próprio organismo e “corrigidas” com métodos de edição de DNA. Isso, em tese, resolveria o problema de saúde e evitaria rejeição, já que as células doadas originalmente vieram do próprio paciente.
O pesquisador brasileiro, porém, lembra que ainda é preciso melhorar muito a eficiência do processo, entre outras dificuldades técnicas.