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Por Redação O Sul | 15 de agosto de 2018
Em entrevista à revista “Carta Capital”, o presidenciável Ciro Gomes disse que o PT o convidou para ser vice na chapa liderada pela sigla nas eleições deste ano, dias após a formalização de sua candidatura pelo PDT ao Palácio do Planalto.
“Mesmo depois de o PDT ter homologado a minha candidatura, o PT me bombardeou por 48 horas com convites para ser vice, o que considerei um insulto”, afirmou Ciro. “Só por jogada fui cogitado como vice.”
O PDT formalizou a escolha de Ciro como candidato no dia 20 de julho, sem a escolha do candidato a vice. Àquela altura, o ex-ministro estava em negociação com o PSB para a composição da chapa.
No final do mês, porém, a cúpula pessebista acertou com o PT um acordo por neutralidade no âmbito nacional, em tentativa de isolar o pedetista no campo da centro-esquerda e em troca da retirada das candidaturas de Marcio Lacerda (PSB) ao governo de Minas Gerais e de Marília Arraes (PT) ao comando de Pernambuco.
No dia 5 de agosto, Ciro escolheu para a vaga de vice a correligionária Kátia Abreu, senadora por Tocantins e ex-ministra da Agricultura no governo da então presidenta Dilma Rousseff (2011-2016). A chapa pedetista só teve a adesão de um partido, o nanico Avante.
Desde então, a manobra petista tem sido reiteradas vezes criticada por Ciro. Ainda em sua entrevista à “Carta Capital”, o pedetista repetiu que a cúpula do PT “armou fraude” em torno da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso na Operação Lava-Jato.
“Todo mundo minimamente bem informado sabe que Lula não será candidato, menos o nosso povo. O que está havendo é uma escalada de fraude da cúpula petista, que usa da boa-fé da população que quer votar no Lula”, afirmou Ciro.
Apesar da crítica ao PT, o partido foi lembrado como “adversário, não inimigo” e Lula como “velho companheiro”. “Não vou votar na direita, não vou fazer como a Marina (Silva), que o PT empurrou para a direita”, ressaltou. Ele avaliou, ainda, que o processo que levou o ex-presidente Lula à prisão é uma “aberração jurídica”.
Haddad
Na terça-feira, Ciro Gomes criticou a possibilidade de o vice na chapa do PT, Fernando Haddad, participar dos debates entre presidenciáveis no lugar de Lula, o candidato oficial petista ao cargo e que Lula tenta emplacar em seu lugar nas sabatinas e debates nas emissoras de TV.
“O PT é meu adversário”, disse Ciro antes de ser questionado se concordava com a participação de Haddad nos debates televisivos, no lugar de Lula.
“A nossa imprensa não ajuda porque olha só uma coisa: quem é o candidato do PT à Presidência? É o Lula. Por que é que o Haddad vai para os debates? Compreende o que eu estou dizendo? Isso depende de mim? Então o Bolsonaro pode mandar o general Mourão. É cada uma…”, ironizou.
“Somos bastante amigos, o problema não é o Haddad, sou amigo do Alckmin também, o problema é o PT, que é muito responsável pelos problemas que estamos vivendo. Não foi o PT que escolheu Michel Temer?”, complementou.
Ciro também criticou o STF (Supremo Tribunal Federal), que na semana passada aprovou uma proposta de reajuste para os salários dos próprios ministros. “É uma falta de respeito absoluta com o momento que estamos vivendo. “Eu vetaria”, afirmou, caso vença o pleito e a medida seja aprovada também no Congresso Nacional.
O candidato do PDT também voltou a rebater críticas de que sua proposta de limpar o nome dos brasileiros no SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) seria “rasa”. Ele tem defendido que o processo seria implantado por meio de negociações com os bancos públicos, como Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil.
“Rasa é a imprensa que não consegue compreender coisa séria”, detonou. “Você acha que um ex-governador, ex-prefeito de capital, ex-ministro da Fazenda vai fazer uma proposta que não seja minimamente detalhada? O meu problema é que os meus adversários estão imitando tudo.
“A crítica, para mim, não é ruim, é bem-vinda”, prosseguiu. “Por exemplo, vem da crítica a necessidade de eu já anunciar que essa providência só vale para aqueles que tiverem com nome sujo até 20 de julho deste ano. E foi a crítica que me fez perceber que é importante dizer que essa medida só vale para trás e não para frente, para não estimular ninguém a fazer crédito e depois não pagar de propósito.”