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Tito Guarniere Conluio

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O procurador-geral da República, Rodrigo Janot. (Foto: Ag. Senado)

A Procuradoria-Geral da República-PGR, o Ministério Público Federal-MPF são organismos do Estado, mas refletem nas suas ações as fragilidades, as tentações, os erros dos seres humanos. E detendo o poder que detêm, devem merecer o nosso olhar crítico. Como disse uma vez o alemão Günther Grass, Nobel de Literatura: “O trabalho de um cidadão é manter a boca no trombone”.

O desvio padrão da PGR, do MPF e da operação Lava-Jato – com todos os méritos que inegavelmente acumulam – é a autossuficiência, o autoritarismo, o messianismo de parte dos seus membros.

São eles que negociam que tratamento darão – mais duro ou mais leve, incluindo aí a “absolvição” – dos personagens caídos nas suas redes. Vejam Marcelo Odebrecht. Está preso há mais de dois anos e nem ao menos lhe concederam a alegria fugaz de passar o Natal com os seus. Trancafiado, ninguém sabe quando vai sair.

Mas eles – especialmente a PGR, cujo titular é o doutor Rodrigo Janot – têm seus delinquentes de estimação, como é o caso de Joesley Batista, da JBS. É a única explicação – uma estima especial – para as inéditas vantagens que Joesley mereceu na sua colaboração premiada, a qual por pouco não derrubou o governo, se é que não vai derrubar.

Vejam. O dono da JBS, Joesley Batista, metido em rolos até o pescoço, se apresenta à PGR e faz uma delação premiada dos crimes de sempre: corrupção ativa, obstrução de justiça, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e que tais. A PGR podia ter dado voz de prisão ao meliante. Mas teve uma ideia brilhante: por que não gravar o presidente da república? O delinquente não era mais Joesley, mas Temer. Deram ao bandido uma estrela de xerife, agora encarregado da missão de fisgar um peixe graúdo.

Pagou uma multa irrisória, uma propina (aqui no sentido de gorjeta) perto da fortuna do delator. Foi dispensado dos incômodos da tornozeleira eletrônica, ficou de posse do seu passaporte, o que parece razoável. De que outro modo ele iria usufruir do seu apartamento em Nova Iorque, ou do seu iate de R$ 50 milhões de reais, recentemente transportado para Miami? Saiu ileso e feliz.

Temer fez mal ao receber o bandoleiro e com ele trocar confidências. Há quem diga – como esse impoluto homem público que é Renan Calheiros – que Temer deveria ter dado voz de prisão ao açougueiro. Mas esperem! Quem primeiro tomou conhecimento das malfeitorias de Joesley e da JBS foi Janot, a Procuradoria. Não seria ele, então, que deveria ter enviado Joesley à cadeia?

Atenção, senhores: a presidência da República é uma instituição. Temer não pode gravar uma conversa de Janot ou Fachin. Mas estes têm legitimidade para fazer o inverso e encurralar o presidente?

É certo, lícito e responsável tomar a gravação em mãos e sem o cuidado mínimo de verificar-lhe a integridade, incendiar o país? Em assunto de tal gravidade, não seria o caso de ser tratado no pleno (ou ao menos em uma turma) do STF? Devemos silenciar quando dois homens sozinhos, homens da lei, Janot e Fachin, em conluio particular com notório meliante, causem tal rebuliço na República, já tão estremecida?

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https://www.osul.com.br/conluio/ Conluio 2017-06-03
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