Sexta-feira, 26 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 3 de junho de 2017
As decisões nacionalistas e isolacionistas de Donald Trump – não apenas na questão climática, mas também em tratados comerciais e no abandono dos organismos multilaterais – vêm dando uma oportunidade rara para que a China e, em menor escala, a União Europeia ampliem sua influência global. Analistas acreditam que a tendência deve continuar, o que reduz a liderança dos EUA em várias áreas. A falta de visão estratégica do presidente americano e a pouca confiabilidade em suas palavras e no rumo da política da maior economia do planeta agravam o cenário, mas também há desafios para chineses e europeus.
“Enquanto todo o mundo está jogando xadrez, Trump está jogando dominó”, exemplifica Erick Langer, historiador da Universidade de Georgetown. “Trump não entende ou não gosta do multilateralismo, parece só acreditar em relações bilaterais, além de que seu slogan ‘America First’ (Estados Unidos em primeiro lugar) tem tido resultado contrário, isolando o país.”
O posicionamento chinês no último Fórum Econômico Global em Davos, na Suíça, indica que o país está pronto para preencher o vácuo deixado pelos EUA. Durante o encontro, Pequim defendeu o livre comércio, enquanto os EUA, o protecionismo e suas ideias de muro. O maior emissor mundial de dióxido de carbono provocado pelo homem — considerada uma causa fundamental para a mudança climática — também vem fazendo rápido progresso em direção à meta de impedir o crescimento das emissões até 2030.
E, embora a China continue fortemente dependente do carvão e a poluição ainda seja um problema grave, os governantes vêm se mostrando determinados a mudar. O compromisso fez com que grande parte do mundo voltasse seus olhos para Pequim, que mais do que nunca – mesmo antes da eleição de Trump – quer afirmar-se no cenário global. (Henrique Gomes Batista/AG)