Armando Burd Dia de surpresas

Imaginava-se, no meio da tarde de ontem, que a divulgação dos depoimentos de João Santana e Mônica Moura era o ponto culminante da semana política. Teve mais: o anúncio de que Antônio Palocci contará o que sabe. Esgotado com os oito meses de prisão e vendo outros acusados descansando em suas mansões, o ex-ministro fará delação premiada, capaz de sacudir os quarteirões que ainda resistem.

Sem unanimidade 

A bancada estadual do PSDB vai se dividir caso vá à apreciação o projeto do Executivo que descarta o plebiscito para permitir a privatização da CEEE. Zilá Breitenbach e Lucas Redecker votarão a favor. Pedro Pereira e Adilson Troca, contra.

Não sabe explicar 

O governo poderá aprovar a reforma da Previdência, mas demonstra incompetência em comunicar o verdadeiro problema do setor. O que existe no País é uma mistura de prestação previdenciária com assistencialismo. Torna-se preciso separar as previdências com suporte de receita, como o INSS, das que não têm. Em um outro rol deve ficar o setor rural, por exemplo, que não possui sustentação nem equilíbrio, mas existe como decisão da Constituição de 1988, a partir da qual tudo se confundiu. O que se resolverá agora é um problema de caixa. Sem a separação, nova reforma ocorrerá em dez anos no máximo. Resumo: cada conta deve estar no seu lugar.

Ausente do palco

No café da Assembleia Legislativa, ontem à tarde, tentavam descobrir o motivo pelo qual o prefeito João Dória não apareceu no programa de propaganda do PSDB, apresentado quinta-feira à noite em rede nacional de rádio e TV. Alguns acham que a direção não quis lhe dar vitrine. Outros acreditam que o prefeito de São Paulo preferiu não aparecer entre citados na Operação Lava-Jato.

Erraram a previsão 

A semana termina com a frustração dos incendiários que apostavam em violentos confrontos entre os apoiadores das investigações da Operação Lava-Jato e os simpatizantes de Lula. Queriam transformar Curitiba em campo de batalha.

Anda mal 

A política sempre foi causa de inimizades. Porém, a praticada no Congresso Nacional, nas Assembleias Legislativas, nas Câmaras Municipais e nas ruas está levando ao pior de todos os sentimentos humanos, o ódio.

Pergunta

Qual o preço a ser pago pelo futuro presidente da República ao se defrontar com 30 partidos políticos no Congresso Nacional, dos quais mais da metade tem o hábito de frequentar o balcão de negociações? Outros 57 estão na fila de espera para obter registro no Tribunal Superior Eleitoral e, depois, usufruir de benesses.

Beabá valorizado 

Em países desenvolvidos, como Alemanha e França, os partidos têm marcas registradas para as prefeituras. O desempenho exitoso em um município torna-se o modo de impulsionar candidatos em outros porque os eleitores têm a certeza de que o modelo será repetido. No dia em que for seguido no Brasil, não se verá tanta incompetência na gestão com experiências desastradas e desperdício de dinheiro público.

Balanço amargo 

A participação dos impostos sobre o consumo na arrecadação tributária no Brasil, cerca de 65%, está muito acima da média mundial, que é em torno de 35%, segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico. Em países como Estados Unidos e Japão, a tributação fica abaixo de 20%.

Com suor do rosto

Os 147 primeiros dias de trabalho, a cada ano, são só para pagar impostos. Faltam cinco para chegarmos lá.

Alteração

Sobre o processo da Operação Lava-Jato, há os que acreditam na mudança do ditado. Passaria a ser: água mole em pedra dura tanto bate até que Lula.

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