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Geral Entenda a razão do ex seguir e vigiar os seus passos na internet

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Orbiting é quando a pessoa que te dispensou continua vigiando sua vida através das redes. (Foto: Reprodução)

Vocês ficaram por um tempo, mas deu errado, acabou e não sobrou nenhum motivo para manter contato. É até capaz que não se cumprimentem, caso se cruzem. Você mesma não faz questão nenhuma de diplomacia. Algumas coisas ficam melhor no passado.

Acontece que mesmo com esse ranço todo, a pessoa é sua maior stalker nas redes sociais – e pior, não esconde isso. Os últimos stories postados por você não mentem: foram visualizados pela criatura em poucos minutos. Aliás, é raro que ela perca algum. É como se o ser humano orbitasse em torno da sua vida virtual.

De novo: vocês deram errado, nenhum dos dois quis seguir em frente – inclusive, ele fez de tudo pro relacionamento ir de mal a pior –mas do seu Instagram, ele é o fã número um. E mais: ele não deixou de te seguir em nenhuma rede. Muito pelo contrário: até chega a curtir um post ou outro.

Quem explica essa estranha necessidade de… contemplação? Ou a gente deveria dizer vigilância?

Bem, os americanos logo se encarregaram de dar um nome para esse comportamento tão típico dos tempos digitais: orbiting. Em português, orbitando. Girando em torno de algo.

O termo, que pode ser colocado na mesma família do ghosting – que é quando a pessoa com quem você se relacionou apenas desaparece sem deixar rastros – já foi parar no Urban Dictionary. Por lá, desde maio de 2018, a definição para orbiting é: quando a pessoa que te dispensou continua vigiando sua vida através das redes. Seja acompanhando seus stories, dando likes ou comentando seus posts.

Saudade?

Mas espera aí. O quanto isso não confunde a cabeça do “orbitado”? Qual é a mensagem que se deve tirar de um seguidor tão devoto? Qualquer um de nós, de primeira, consideraria o orbiting uma nova investida – esperada ou não, mas uma investida. Com Cíntia B., de 29 anos, foi assim: “Cada vez que a minha ex aparecia visualizando as minhas postagens, eu revisitava nossa história e me sentia ansiosa. ‘O que ela quer com isso?’, pensava”.

Nada. A ex não queria nada. Pelo menos nada que dependesse de Cíntia ou a incluísse na decisão. Em quase um ano, a stalker nunca se manifestou. Se havia motivos para bisbilhotar Cíntia, eles eram muito mais sobre questões pessoais e nunca reveladas da ex do que sobre uma reaproximação.

Cada vez que a minha ex aparecia visualizando as minhas postagens, eu revisitava nossa história e me sentia ansiosa. O que ela quer com isso?, pensava.

As redes sociais estão reconfigurando nossas relações. É o que acredita Cristiano Nabuco de Abreu, psicólogo e coordenador do Grupo de Dependência de Internet do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo. “E se elas mudam a maneira como nos relacionamos, mudam tudo que está subordinado a isso: como começamos, como terminamos e como lidamos com os fins e suas ‘sobras’.”

No cenário virtual das redes, que permitem vigiar a vida alheia e alimentar relações a uma distância segura, mais e mais romances, digamos, se arrastam indefinidamente, mesmo depois de oficialmente encerrados.

A história de Amanda T., 27 anos, repete a tendência. “Conheci um cara no Tinder. A gente saiu e gostei muito dele, aparentemente ele também gostou de mim. Marcamos de nos ver de novo e foi bom mais uma vez. Depois disso, o cara desapareceu. Até chegar ao ponto em que parou de me responder quando eu ocasionalmente enviava uma mensagem. Aí desisti, né? Nunca mais nos falamos ou nos vimos. Porém, ele continuou me seguindo em TODAS as redes. Sem falar que vê todos os meus stories e aparece sempre em primeiro. Detalhe: eu não vejo os dele, nem interajo.”

E como ela recebe a onipresença do ex-casinho? “Até hoje mexe comigo. Eu fiquei muito confusa, pensando: ‘ué, ele quer ou não quer?’. Como nada aconteceu, passei a pensar que o cara tinha questões que não cabiam a mim. Ah, o que me ajudou bastante foi silenciá-lo nas minhas redes. Pelo menos o conteúdo dele eu não vejo.”

Medo de perder ou falta do que fazer

Anna Iovine tenta explicar, em três possíveis teorias, o fenômeno. A primeira trata-se de um movimento calculista. É bom para manter a pessoa perto dos olhos e longe do coração. A segunda: quem orbita apenas não tem ideia do por que orbita; o faz por pura falta do que fazer. A terceira: o famoso FOMO, “fear of missing out”, ou o medo de estar perdendo algo, em livre tradução.

Perdemos o costume de dizer adeus”, observa Tara Marshall, psicóloga do Departamento de Psicologia da Escola de Ciências Sociais da Brunel University, no Reino Unido. Segundo ela, com a conveniência oferecida pelas redes, para romper de vez um relacionamento é preciso querer – e muito. “O que custa enviar uma mensagem a cada dois meses? O que custa curtir fotos no Instagram ou posts no Facebook? A manutenção das relações nas redes é prática, rápida e já faz parte do nosso comportamento diário.”

Deixar de acompanhar alguém virtualmente não é sempre simples. Para o teórico britânico Tom Chatfield, autor de Como viver na era digital, é importante parar de procurar rastros virtuais do outro, custe o que custar. “A privacidade online é sempre saudável para quem a mantém e, principalmente, para quem tende a stalkear.”

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https://www.osul.com.br/entenda-a-razao-do-ex-seguir-e-vigiar-os-seus-passos-na-internet/ Entenda a razão do ex seguir e vigiar os seus passos na internet 2018-08-10
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