Sexta-feira, 26 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 5 de março de 2016
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi conduzido pela PF (Polícia Federal) nesta sexta-feira (04) para prestar esclarecimentos sobre suspeitas investigadas pela Operação Lava-Jato de que ele teria recebido vantagens indevidas do esquema de desvios de recursos da Petrobras. Segundo a PF, há indícios de que empreiteiras beneficiaram o ex-presidente, o PT e seus parentes. Lula nega as suspeitas.
CAMINHO DO DINHEIRO, SEGUNDO O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
Origem:
PETROBRAS
Empreiteiras investigadas teriam repassado R$ 30 milhões a empresas de Lula e pago despesas do ex-presidente e de parentes.
Destino:
1) INSTITUTO LULA E LILS PALESTRAS
Empresas de Lula teriam recebido dinheiro das empreiteiras por doações e palestras
Quando: 2011 a 2014
Valores:
– R$ 20.740.000 para o Instituto Lula vieram das empresas Camargo Corrêa, OAS, Odebrecht, Andrade Gutierrez e Queiroz Galvão
– R$ 9.920.898,56 para a LILS Palestras vieram da Camargo Corrêa, OAS, Odebrecht e Andrade Gutierrez
O montante seria repassado ao PT e parentes do ex-presidente. A PF investiga se as palestras e serviços foram prestados. Segundo o juiz Sérgio Moro, os “valores vultosos” geram “dúvidas sobre a generosidade das aludidas empresas e autoriza pelo menos o aprofundamento das investigações”.
Segundo o MPF, o “reduzido quadro de empregados” das empresas ” indica a vinculação dos
recursos transferidos pelas empreiteiras com a pessoa que melhor personifica as entidades:
Lula”.
2) REFORMA DO SÍTIO EM ATIBAIA E DO APARTAMENTO NO GUARUJÁ
OAS e Odebrecht são suspeitas de pagar pela reforma do triplex e do sítio, de entrega de móveis de luxo nos imóveis e armazenagem de bens de Lula por transportadora.
Valores:
– Pelo menos R$ 1 milhão sem aparente justificativa econômica lícita da OAS, por meio de reformas e móveis de luxo implantados no apartamento tipo triplex, número 164-A, do Condomínio Solaris, em Guarujá (R$ 777.189,13 em reformas e R$ 287 mil em móveis de luxo para a cozinha e dormitórios)
Segundo o MPF, “embora o ex-presidente tenha alegado que o apartamento não é seu, por estar em nome da empreiteira, várias provas dizem o contrário, como depoimentos de zelador, porteira, síndico, dois engenheiros da OAS, bem como dirigentes e empregado da empresa contratada para a reforma, os quais apontam o envolvimento de seu núcleo familiar em visitas e tratativas sobre a reforma do apartamento”.
Sítio em Atibaia
Quando: 2010
Valores:
– Compra do sítio por terceiros, sendo as reformas pagas por José Carlos Bumlai, OAS e Odebrecht no valor de R$ 747.378,13 e móveis em R$ 170 mil.
Segundo o MPF, os donos do sítio, Jonas Suassuna e Fernando Bittar, “são sócios de Fábio Luís Lula da Silva (filho de Lula) como foram representados na compra por Roberto Teixeira, notoriamente vinculado ao ex-presidente Lula e responsável por minutar as escrituras e recolher as assinaturas”.
3) MUDANÇA DE LULA
Segundo o MPF, a OAS bancou a mudança e armazenamento de bens de Lula e o o contrato foi dissimulado para esconder seu real objetivo e assinado pelo presidente do Instituto Lula, Paulo Okamoto.
Quando: 2011
Valores:
– R$ 1.292.210,40 arcados pela OAS para a armazenagem de itens retirados do Palácio do Planalto quando do fim do mandato, em contrato assinado pela empreiteira
4) FILHOS DE LULA
Segundo a decisão de Moro que autorizou a expedição dos mandados de condução coercitiva, há pagamentos do Instituto Lula e da LILS Palestras para empresas dos filhos de Lula.
Quando: 2011 a 2014
Valores:
– R$ 1.349.446,54 do instituto para a empresa G4 Entretenimento e Tecnologia Digital Ltda., cujo sócio administrador é Fábio Luis Lula da Silva, filho do expresidente, e Fernando Bittar e Kalil Bittar.
– R$ 114.000 do instituto para a empresa Flexbr Tecnologia Ltda., com mesmo endereço da G4, mas que tem como sócios outros filhos do ex-presidente, como Marcos Claudio Lula da Silva, Sandro Luis Lula da Silva e a nora Marlene Araújo Lula da Silva.
– R$ 72.621,20 da LILS à Flexbr
– R$ 227.138,85 da LILS ao filho de Lula Luis Claudio Lula da Silva.
O que diz Lula
“Lamentavelmente, eu acho que estamos vivendo um processo em que a pirotecnia vale mais do que qualquer coisa. O que vale mais é o show midiático do que a apuração séria, responsável, que deve ser feita pela Justiça, pela polícia, pelo Ministério Público”, disse Lula após prestar depoimento à PF. (AG)