Sexta-feira, 26 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 7 de dezembro de 2016
Semanalmente, todas as sextas-feiras, a advogada Adriana Ancelmo, mulher do ex-governador Sérgio Cabral, recebia em seu escritório, no Centro do Rio de Janeiro, uma mochila cheia de dinheiro. Os valores variavam entre 200 mil reais e 300 mil reais. De acordo com a Força-Tarefa da Lava-Jato no Ministério Público Federal, esse dinheiro são propinas pagas à organização criminosa que seria comandada por Cabral. Adriana foi presa, nesta terça-feira, por decisão da Justiça.
Os esclarecimentos foram possíveis a partir do depoimento da secretária de Adriana e de fotos obtidas na portaria do prédio onde está localizado o escritório. No local, há imagens de Luiz Carlos Bezerra. Segundo os investigadores, ele era o responsável por recolher a propina junto às empreiteiras, além de estar envolvido no esquema de lavagem de dinheiro junto a joalherias.
O dinheiro da propina entregue à Adriana era usado para pagar as contas do cartão de crédito da ex-primeira-dama ou repassado para os familiares de Adriana ou de Cabral. Os investigadores obtiveram o registro de, pelo menos, 19 visitas de Bezerra a Adriana. Além de 98 contatos telefônicos entre eles.
Uma das alegações da Justiça, para atender o pedido do Ministério Público Federal e expedir o mandado de prisão de Adriana, é que não faltavam pessoas próximas para esconder joias ou auxiliá-la a manter os crimes da quadrilha escondidos.
Uma vida de luxos.
O patrimônio de Adriana multiplicou-se por dez nos dois mandatos do marido – entre 2007 e 2014. O crescimento coincide com o aumento na receita de seu escritório de advocacia e também dos clientes. O escritório ocupa todo um andar de um prédio. No meio jurídico, o nome da ex-primeira-dama era totalmente desconhecido até o marido se tornar governador.
A vida luxuosa da advogada, que separava a parte de vestidos de seu armário por grifes, não era segredo para quem convivia com ela. O salão de beleza que ela costumava frequentar cobrava 428 reais por um corte de cabelo. Em uma ocasião, ela colocou um aplique de 3 mil reais nas madeixas. Usou apenas uma vez, e, no dia seguinte, deu o acessório a uma assistente do cabeleireiro. O gesto surpreendeu os funcionários do salão.
Joias.
A força-tarefa da Operação Lava-Jato encontrou cerca de cem joias na casa da ex-primeira-dama. Investigadores descobriram que Cabral deu o equivalente a 1 milhão de reais em joias em presentes para a mulher em apenas duas datas festivas. O casal também comprou 460 joias sem notas fiscais de apenas uma grife. A Polícia Federal calcula que, entre 2007 e 2016, o casal tenha adquirido mais de 6,5 milhões de reais em joias.